A Terra muda Tudo mudam Todos...

Monday, May 21, 2007

A ESPERA DO DESCANSO

Fecha-me dentro de sua concha...
Faz de seu corpo minha colcha,
Protege-me de tudo lá fora...
Mantém fechada minha porta...
Envolve-me com seus braços,
Faz-me descansar em seus abraços...

Vamos juntar nossas pérolas...
Num belo cordão de argolas...
E vistamos nossos corações
De respeito e boas intenções.

Vem logo pra cá.
Já, já estarei lá
A esperar por você, aí!

Friday, May 11, 2007

TALVEZ...

"Tristeza que bate, não se sabe o porquê... Início de perda? Talvez!!!"

Talvez? Não! Apenas a tristeza típica do encontro com o desconhecido, o incerto, o novo. Encontro com desafios, obstáculos e situações inesperadas para os quais não havíamos nos preparado. Ou talvez... Para os quais não quisemos nos preparar! Talvez porque não chegara o momento de deles nos ocuparmos.

Tristeza sempre acontece, chega do tudo ou do nada, do mais, ou menos, ou do tempo... Ou da necessidade.

Às vezes precisamos da tristeza para que reconheçamos a alegria, para que valorizemos os esforços, para que cultivemos e nutramos a gratidão.

Para que cresçam o amor, a compreensão, a parceria, o respeito, a mutualidade; a fim de que os horizontes sempre, sempre expandam-se belamente, repletos de possibilidades!

Tuesday, May 08, 2007

VISITAS

Uma cidade pára por causa de uma visita; primeiro, o presidente de importante nação. Agora, o dirigente de um minúsculo país. Milhares, se não milhões, de pessoas para ver o segundo visitante, ilustre. O primeiro, famoso e não tão ilustre nem bem-vindo.

A obrigatoriedade da política, dos negócios, do comércio e do capitalismo forçou a maior cidade do país a se desdobrar para locomover-se, chegar em casa, no trabalho, no hospital por causa do primeiro visitante. Pareceu mais um sapo empurrado goela abaixo dos cidadãos.

Já agora, vê-se o amor, admiração, esperança, boa-vontade e alegria envolvendo a preparação para receber o admirado, importante e espiritual abençoado segundo visitante. Todos esperam encontrar uma pessoa. Muitos querem homenageá-lo, vários enviam presentes...

Que tenham igualmente a disposição para encontrar o Bem Maior que pode fazer com que não apenas a maior cidade do país, mas todo o mundo seja mais pacífico, justo e fraterno. O Bem Maior que está dentro de cada um, imagem e semelhança de Si.

Assim, vale a pena parar uma cidade, e até uma nação!

Saturday, May 05, 2007

INCONSISTÊNCIA

Nada que não tivesse solução. Aquele brilho no meio da escuridão estava um pouco dissonante e a proposta era de total harmonia e charme. Não, definitivamente não escolheria o mesmo estilo. Sabia que a semelhança entre si não lhes dava a razão para serem iguais.

Espreguiçou-se antes de remover livros, tesouras, retalhos de tecidos e papéis, e aquele peso do pensamento. Não tinha ânimo para nada, e pegar a bolsa, naquela hora e com aquele tom de voz como favor, pareceu-lhe muito subserviente...

Cumprimentou com apatia a pessoa que adentrou o recinto e nem sequer dirigiu o olhar a ela. Sabia de quem se tratava e da consideração a ela devida, mas estava realmente acomodada em seu nada-a-fazer e neste estado permaneceu. Lembrava que tinha coisa nova a ser assimilada. Os rumores tornaram-se notícias e os fatos já se tornavam famosos. Sabia que não poderia perdurar naquela misantropia inútil.

“Afinal, que utilidade pode haver em qualquer que seja a atitude humana, quando o mundo anda tão complicado, conturbado, enlouquecido? Caiu um avião, criaram um novo coquetel, reformaram uma casa e venderam-na com lucro de quase cinqüenta por cento”.

Por que não se tornar corretora – e vendedora – de imóveis? Veio-lhe à memória, nessa miríade de observâncias desfocadas, da necessidade de se atualizar quanto aos imóveis naquela localidade. Era-lhe iminente a mudança. Ares e horizontes que sempre lhe afetaram positivamente. Sabia dos riscos e das possibilidades. A única coisa que ainda não combinava com tudo ao redor era a esperança no cosmo.

Ora, ora... Esta não é mesmo uma época de heróis nem contos de fadas. Somente sua coleção de La Fontaine e de Manoel de Barros faziam uma combinação agradável a seus olhos naquele instante. E foi a eles que recorreu quando percebeu a inconsistência de seus pensamentos.

Friday, May 04, 2007

UMA VELHICE

“Se somarem palavras, tirarem os parágrafos e juntarem cada espaço vira só um pequeno parágrafo em que pouca coisa, bastante insanidade ficam expostos. A lógica do mundo atual acabou sufocando a capacidade de raciocínio da maioria, seus questionamentos, e o senso crítico do ser humano. Pra quê, enfim, tanto lixo derramado em papel ou telas de computador?”.

Dormira tarde e mal o sol surgiu no horizonte, atrás daquela montanha, a estridente campainha tocou e como um despertador irritante uma voz do outro lado da linha lembrava-lhe do compromisso assumido para logo mais, bem cedo naquele último dia, desagradavelmente começado e já repleto de cansaço.

A noite anterior fora igualmente ocupada como já vinha fazendo nos últimos meses. Não saía da mente, porém, aquele pensar – ou não pensar – do ser humano. Surgiu em sua frente o cachorro que rodeava a casa, comia sofregamente sua ração, brincava e igualmente brigava conforme, parecia-lhe, dava nos ânimos.

“Afinal, pra que ser humano se o animal tem vida mais tranqüila? Não pesa em si a consciência, não possui responsabilidade para com nada, não precisa se comprometer com o próximo, nem mesmo tem a necessidade de ser-ter o núcleo familiar. Família? Basta o alimento dos primeiros dias de vida e, poft!, filhotes fora do ninho, cada um por si e Deus? Ah... Deus é coisa de humano!”

Levantou-se com a preguiça ainda insistindo pela permanência na cama. O colchão já vencera seu prazo de validade e causava-lhe sempre desconforto nas costas. “Será que a culpa é da idade?”. Olhou-se no espelho, viu os fios brancos na cabeça. “Fica feio passar uma tinta, e camuflar esses invasores? Preciso fazer algo a respeito...”.

Procurou seus remédios. Estavam no lugar de sempre, porém a sonolência influenciou a displicência e no mesmo instante esqueceu-se de que deveria tomá-los e, após todos os arranjos matutinos, o café corrido, saiu para o encontro e condenou-se por não ter tomado as pílulas. “Isso não é problema de sono. É velhice! Junte-se aos cabelos brancos a falta de memória, o que me resta? O passar dos anos...”.