A Terra muda Tudo mudam Todos...

Monday, July 23, 2007

ADORADO, SALVE-SALVE!*

Adoro meus livros, fazer meus cartões...
Adoro os arrepios, as carícias, todas as sensações.
Adoro beijar aquela boca, sentir aquele corpo...
Adoro meu ninho, o mais acolhedor dos abrigos...
Odeio a falta de tempo que me afasta dos amigos...


Adoro: amizade, fraternidade, lealdade, perseverança, otimismo, paz, luz do sol e da lua, arco-íris, cheiro de flores, cheiro de terra molhada, fé em Deus.

Odeio: falsidade, traição, inveja, ciúmes, psicopatas, mentira, falta de cultura, preguiça, desordens.

* Obrigada, Dory! Depois de tempos, vim e escrevi!

Sunday, July 15, 2007

MUSICAR É PRECISO...

Desafios nos tornam mais fortes, sensíveis, maiores. "O que não me mata, me torna mais forte". Que delícia poder lembrar a mim mesma o porquê de cada acorde, de cada rima, de cada tom estar por aqui hoje: vontade de viver, de vencer, de amar, de sorrir e de ver meus queridos e queridas!


"Mira num olhar, um riacho, cacho de nuvem no azul do céu a rolar... Mira Ira, raça tupi, matas, florestas, Brasil... Mira vento, sopra continente, nossa América servil... Mira num olhar, um riacho, cacho de nuvem no azul do céu a rolar... Mira ouro, azul ao mar, fonte, forte de esperança, Mira sol, canção, tempestade, ilusão... Mira num olhar, verso frágil tecido em fuzil, mescla morena... Canela, cachaça, bela raça, Brasil. Anana ira, Mira ira nana tupi... Anana ira, anana ira, Mira Ira..."
(Mira Ira, Lula Barbosa)

Friday, July 13, 2007

EXPRESSÕES**

"O amor quando se revela,
nao se sabe revelar"*

E eu ao me expressar
não me sei alinhavar:
deixo soltas todas as pontas
e no meio um grande defeito
como rasgos esfarrapados...

Livra-me desse sofrer!
Dá-me de novo este sorrir!

*Fernando Pessoa
** Originalmente publicado em Outubro/06

Monday, July 09, 2007

CONVERSANDO COM O VOVÔ II

Vô, tem uma coisa que aconteceu comigo: uma pessoa apareceu e me mostrou que é possível recomeçar, que novamente é possível viver. É alguém que está sempre por perto, e tem uma paciência de Jó! Às vezes fico até desconfiada, ´cê sabe, né?

Vocês iam se dar bem: são brincalhões e simples. Conhecem as boas coisas da vida e as valorizam. Sabem separar o joio do trigo e não fazem distinção entre gentes. Procuram ser justos, e geralmente o são.

Vô, será que tudo vai dar certo?

CONVERSANDO COM O VOVÔ I

Oi, Vô!

Descobri um lugar muito lindo, gostoso, a cara da gente, pra eu ir e falar com você! Isso muito me confortou...

Ah... Como nas horas mais difíceis da minha vida eu sinto saudades do senhor... Ah... Como me faz falta o seu acolher, o aconchego do seu abraço, seu sorriso e aquela voz tão querida e rouca me dizendo: “ah, Muliquinha!”.

Outro dia memorizei a célebre frase: O que não me mata me fortalece. Porém, como é dura essa caminhada... O senhor já passou por ela, e deixou grande inspiração, grande exemplo. Orgulho-me de ter seu sangue no meu, de ser em muitas coisas – mesmo nos defeitos – parecida com você!

Todo mundo adorava o senhor. Todos só têm coisas boas pra lembrar, contar a seu respeito... Queria poder ser exatamente como o senhor foi. Queria ter a paciência do senhor. A sabedoria, o bom-humor... Queria ter a ligação familiar que o senhor tinha... Não queria deixar meus relacionamentos mal-acabados, com suas pontas largadas.


É difícil viver hoje em dia, Vô... Acho que na sua época era muito melhor. Menos estressante, mais alegre. Sinto muito sua falta.

Quando as coisas boas acontecem, fico imaginando o que você diria, ou como me olharia, sorrindo, por causa delas! Queria que algumas pessoas que hoje estão comigo o tivessem conhecido.

Queria estar aí agora, junto com você e a Maínha. Mas já decidi que não é onde vou ficar. Porque queria que fôssemos somente nós três. Já são quatro e isto ultimamente pra mim tem sido multidão!

Sabe uma coisa que aprendi há uns quinze anos e há poucos minutos me veio forte ao coração? “Ainda que meu pai e minha mãe me desamparem, o SENHOR me acolherá”. E é o Bom Pastor que cuida hoje de mim e me consola. Ele sabe que não posso mais contar com o senhor e com a Maínha. Sei que foi tudo, é tudo para o meu bem. Espero que a sua memória não seja maculada por meu viver.

Saudades, Vô. Graças a Deus que o senhor existiu em minha vida e a marcou para sempre. Um abração, tá? Vou tentar dormir. Quem sabe sonhar que estamos juntos?

Thursday, July 05, 2007

ALMA DE PASSARINHO

Tem alma que é como passarinho. Parece até coberta de penas! E não é que elas precisam ser renovadas? Por isto aqueles momentos em que dizemos estar com “dor na alma” ou apenas algo que nem sabemos e sentimos que nos afeta.

É tempo de renovação. Tempo de novos pensares, novos trabalhos, novas pessoas. Tempo de rever o passado, plantar o presente e colher coisas boas. Lembrar que a vida é abrangente, de horizontes muito abertos e belos, montanhas acima e abaixo, ao redor e sob os pés.

Sem exageros, sem exigências, sem cobranças. Apenas a liberdade de ser o melhor que se é. Ser livre. Realizando os sonhos. Vencendo as barreiras que sempre existirão. Valerá cada pena na alma alada.

RECORDAÇÕES DELE

Tinha seus oitenta, oitenta e poucos anos. O viço, as cores de outrora não mais existiam e sim a alegria e a camaradagem de sempre. A alegria adolescente e o brilho dos olhos amorosos faziam-no como que aos quatorze anos.

Esteve presente nos bons e maus momentos. Passou pelas intempéries da doença, foi curado da última crise e com isto mostrou-se ainda mais alegre, como se os anos para si não houvessem passado a não ser pela aparência.

Encantava a todos quantos cruzavam seu caminho. E no meio do caminho sempre estava, às vezes até sujeito a tropeços sobre seu corpo rechonchudo, ou a pisadas nas pontas dos dedos que fossem. Nada que o desmotivasse a manter-se sempre presente, companheiro, confidente, fiel.

Embora não lhe restassem mais audição nem visão, a grandeza de seu coração percebia as almas ao redor. E lá sempre estava ele, a postos, parecendo entender tudo quanto o rodeava.

Nos últimos dias sentia falta de alguém. Preparava então sua cama ali bem perto da de quem sentia saudades. Não imaginou que partiria antes de sua volta. Não se despediram.

Melhor assim. Deus controla todas as coisas: fôra morar no bosque, em meio aos jardins, ao verde, à natureza. Afinal, era filho da natureza.