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Saturday, February 21, 2009

CORRESPONDÊNCIAS

"Afinal, o que é a distância quando existem olhos e mãos para ler e escrever cartas?"

Se é que vale a pena suprimir todas as demais palavras que li até esta frase, pois digo que desde a abertura das correspondências tudo vale a pena! Começo uma leitura leve, simples, pura que prazerosamente me obriga a pausas para pensar e sentir, absorver a mensagem do seu conteúdo.

O que sempre foi uma raridade em minha vida - digo, uma raridade de retorno, já que eu sempre escrevi mais cartas do que recebi - e um prazer indizível mantem-se até hoje, em menor constância e maior anseio. Hei de voltar a escrever muitas cartas! Norberto Bobbio repetiu que um homem de verdade escreve cartas aos amigos. Adorei ler isto. E ainda: "abraços escritos vão até onde os braços não alcançam". Nem preciso dizer que é verdade. Porém, digo: é verdade! Pura verdade!

É ótimo ler emails de quem está longe, dando notícias de mundos de lá... Agora... Tem coisa melhor do que receber um envelope selado ao chegar em casa após um longo dia de trabalho ou estudos, ler seu nome e endereço de um lado e do outro o nome e endereço de alguém muito querido? Abrir um envelope desses é uma mágica! Pura alegria! E a emoção? Alguém já analisou a curiosidade que uma carta gera naqueles que a abrem, nos destinatários das mesmas e até mesmo nos que não são contemplados por elas?

Pois bem, há uma correspondência gerada no coração de mães, artistas, sensíveis. Correspondência nascida na mente sonhadoramente realizada de duas almas iluminadas. Correspondência esta que é dirigida a todos os que queremos e gostamos de escrever, enviar, receber e ler cartas. THEODORO E MARINA parece ser até mesmo para adultos somente, pois nós, adultos carecemos relembrar a infância e assumir a responsabilidade de permitir e ensinar nossas crianças a ser crianças. Adultos carentes de assumir que eles ainda têm seu chão de gelo partido ao meio, seus momentos em que se encontram quebrados e não sabem o que fazer, e com o passar do tempo esqueceram aqueles cacos na gaveta para um posterior conserto... Adultos que não sabem ser felizes consigo mesmos. E com tudo isso, não permitem nem respeitam, as crianças em seus semelhantes momentos.

Eis uma oportunidade de compreender que precisamos permitir que nossas crianças sejam crianças e consertarmos nossa própria criança - ainda que esse conserto precise ser feito na infância.

Ainda não concluí a leitura da correspondência entre Theodoro e Marina, e nem o farei rápido. Farei em doses adequadas para que eu permita que a criança dentro de mim também seja reabilitada e restaurada, para que eu seja uma tia bem legal para minha Aninha!