Tuesday, November 14, 2006

BRINCADEIRA DE ANJOS

Não procurara por inspiração, nem olhara ao redor. Não ligara uma música. Aliás, todos os ruídos eram-lhe estridentemente irritantes! “Liguem o mute da vida!”; “Eu vou chamar o síndico! Tim Maia!”.

Bom lembrar que o bom-humor aflorara-lhe pouco depois de um longo e demorado dia úmido sem a temperatura que gostava mais e que poderia lhe trazer à pele as sensações do último final de semana...

Cadê? Não aparecerá? Eis que vem, e não demora!, ela acreditava e intensamente desejava.

E a mágica acontece, ou uma resposta ao desejo do seu coração. Luz que pisca, campainha ressoando... São eles! Juntos, ali! Estendendo mãos, trocando olhares, corações em sentimento pulsante, pois que os olhos se encontraram...

Pouco mais que vinte e quatro horas sem se ver e aquele encontro produziu sorrisos, risos, alegria como que reprimidos por meses! Ah, felicidade de momentos, que deveria durar eternidade! Até que estes momentos não lhe deixavam com a ansiedade costumeira, já que, sabia-os, efêmeros...

Muitos de seus exercícios mentais consistiam em criar as defesas contra o sofrimento proveniente de tais encontros, de tal felicidade, de gostar. Uma que de certa forma distinguira entre várias era não pensar muito, não lembrar tanto e apenas viver dia por dia. Se hoje estava sozinha, era como tal que se comportaria. Se junto com ele, quando novamente se encontrassem, nestes conformes agiria...

Então, como de costume em sua solitude, juntou seus livros ao redor, desligou o relógio e se aconchegou sob a manta para mais uma noite insone. Desta vez, com o coração sorrindo porque aqueles dois tão lindamente parecidos iam brincar noite afora até que o cansaço os consumisse e como anjos adormecessem lado a lado(...)!

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