Wednesday, January 03, 2007

REMÉDIO BOM

Uma camisa vermelha era sua passageira constante. Ficava ali, acomodada na poltrona do carona naquele carro preto. Da mesma cor do rótulo escolhido na noite anterior. Sentia aquele cheiro a todo instante como que desejando que ele se tornasse vivo dentro de si, tal qual há algumas horas sentia vivo e quente aquele que a vestiu. E dela se despiu para a despedida. Não tremera na hora do incidente. O tremor começara diante da ausência de notícias. Qualquer sinal auditivo de que tudo corria, literalmente, bem. Acalmava-se com seu cheiro. Recolhera-se por uns minutos para lembrar os instantes tão recentemente vividos e descobrira que sinais visuais, claros, opacos, inequívocos lhe marcavam, ainda. Controlava-se e tentava em vão desacelerar o coração. Contentou-se com as gotas aquosas, promessas de resgate... Lembrava com isso que o seu melhor remédio tinha nome bom, sensível e cuidadoso, e não de homeopatia.

0 Comments:

Post a Comment

<< Home