Friday, September 08, 2006

EU VI NA TV*

Não gosto de TV. Um filmezinho ali outro acolá e já me dou por satisfeita. Noticiário? Nem pensar! São sempre as mesmas notícias e na maioria desagradáveis... Só que em dia de feriado, já se findando, ainda bem, com clima fresco numa cidade em que o calor escaldante é típico até dos meses de inverno, acabei optando por uma “reclusão cibernética”: aproveitei o dia pra tentar um modelito novo para minha tímida e acanhada volta à literatura virtual – amadora, diga-se de passagem.

Bem, depois de orgulhosamente ver finalizado este espaço aqui em que nos encontramos, inadvertidamente tomando nas mãos o controle remoto da TV. Sem me dar conta, já estava ligada e então corri os dedos nos números mais prováveis de me proporcionar algo menos desagradável. Um filme bem light estava começando... “Hum... Pelo menos vou ter vários colírios pros meus olhos! Andy Garcia, George Clooney, Matt Demon”... Ok, rendi-me à TV por uns instantes...

Assisti ao filme, onde vi, de mentirinha, obras-de-arte das mais variadas serem roubadas, furtadas, e bandidos talentosos se safando numa boa pra usufruir livremente dos lucros do trabalho feito. Na trama cinematográfica, os galãs-bandidos tiveram que usar muito cérebro, cálculos, investimentos, charme, talento, trabalho de equipe além de informantes e informações valiosíssimos para conseguir seu intento e driblar seguranças, alarmes, sistemas de vigilância eletrônica e toda a tecnologia existente para proteção contra o crime (na fantasia do cinema, claro!). Tudo certo então, o filme termina com todo mundo satisfeito: os caras conseguem roubar o que queriam, a mocinha policial reencontra o pai bandido e o moço riquinho permanece rico apenas com o orgulho ferido... Menos as companhias de seguro, com certeza!

Mas depois é que veio a tristeza... Assim que o filme terminou, fui logo atrás de alguma guloseima pra comer... Deparei-me com a TV da sala ligada no noticiário. Qual a notícia? Obras-de-arte: pinturas, gravuras, documentos antiqüíssimos roubados – de verdade - de uma biblioteca brasileira. Não havia sistema de segurança, nenhum vestígio de arrombamento do prédio, a suspeita de que funcionários tenham colaborado para o crime e a descoberta deste feita por acaso! E o que é pior: em se tratando de Brasil, talvez nem mesmo haja companhia de seguro pra ficar insatisfeita com o feito. Afinal, com tanto descaso, será que a biblioteca, que há dezenas de anos não é atualizada (tanto o prédio como o acervo), tinha seguro das obras afanadas?

Constatei mais uma vez que o Brasil é mesmo um “país grande e bobo”... Uma desagradável forma para terminar o dia de feriado pela “independência” deste mesmo país. (E o noticiário foi interrompido para a transmissão da propaganda eleitoral “gratuita”).



*Originalmente escrito no feriado de 7 de setembro de 2006

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