Friday, November 24, 2006

MADRUGADA SEM SABER

Não entendia o que acontecera naquele dia que terminara: Conseguiu a proeza de dormir por algumas horas e desperta novamente ficava a pensar... Antes, despiu do rosa-vermelho seu travesseiro, deixou aquela cor num canto amarrado como a lembrar uma bandeira tremulando em guerra.

Todos os contatos que teve no decorrer da rotina foram indesejados. Nenhum tinha a marca ou sentido que queria. Nem um único. E por isso mesmo abandonou a cor, programou o coração e desejou que a correspondência pudesse ser como um selo de encerramento. Era uma de suas defesas colocada mais uma vez em ação.

Sabia, porém, que aquele desejo era contrário ao que sentia realmente. Sua vontade tão emocional, abandonada a razão há tempos, encarava novamente os moídos pedaços de um coração moribundo. Existiria uma cola, um efeito, uma restauração para ele? Novamente pulsaria?

Contentou-se com a alegria efêmera que lhe era permitida ultimamente e nada mais que isso esperaria. Apenas voltar para a vida, sem demoras e com vigor. Isto, sim, parecia-lhe um sonho distante a ser alcançado. Nem ajuda sabia onde encontrar. Ela não existia para isso, enfim. Sabia disso.

E esperou nada mais. Como se assim tudo estivesse adequadamente resolvido, sabendo que não. E a dor-de-cabeça foi sua única companhia que permaneceu ali, silenciosa e cruel, como aquela madrugada.

0 Comments:

Post a Comment

<< Home