A Terra muda Tudo mudam Todos...

Monday, October 30, 2006

LUTA

Luto pela vida
Que vem e que vai
Pela que foi e será
Pela que é eu não luto:
Apenas cubro-me de luto.

Sunday, October 29, 2006

SEM ATALHOS

Ela saía em busca do que não sabia. Via-se apenas como um anônimo cuja vida expressa o buscar limitado pela sobrevivência. Logo detectou que estava na estrada da fuga - aparentemente vestida como estrada da procura. De tanto pensar e aprofundar-se em questões existenciais, usava o caminho comum para fins incomuns. Por certo imprevisíveis, se não irremediáveis...

O futuro lhe dirá. E o que de sua vida será.

Enquanto as respostas estariam dentro de si, era de onde queria fugir. Na fuga desperdiçava todos os bens, como um filho pródigo os bens do pai, e depreciava todo o seu patrimônio: saber, valores, princípios, idéias e criatividade. Não era a liquidez do efêmero que lhe fazia assim; a insignificância de tudo e todos tornaram-na o não e o sem-fim da luz derradeira. Dentro de si a ausência de direção e a putrefata descrença.

Friday, October 27, 2006

UM BREVE MEDITAR...

"Ficar no assento da janela; pegar um pouquinho da tinta azul pra mim; dar milho pra banguela..." são parte da festa de estar vivo e poder rir de si mesmo, tomar doses necessárias de bom-humor, descontrair-se e o ambiente ao redor...

De tempos em tempos, melhor se fosse frequentemente, vem coisa na cabeça da gente que dá algumas voltas, passeia pra lá e pra cá para enfim pausar e fazendo ora rir ora chorar.

Já vi pessoas não se deixarem abater pelo que quer (ou não!) que aconteça! Enquanto outras se entregarem ao nada da passividade e resignação negativa - ou seria acovardarem-se diante das incontáveis oportunidades que são oferecidas a todo momento?

E já vi gente que nem io-iô: ora tá em cima, ora tá embaixo na disposição para respirar a vida.

São tantos casos já vistos e pensar que a todos eles, com tantas diferenças entre si, cabe a mesma atitude para neutralizar a noite negra e trazer logo o amanhecer: ousar e encorajar-se avançar, apesar do medo; erguer os braços e firmar a espada apesar da batalha difícil; chorar enquanto semeia pois os feixes virão e júbilo consigo trarão.

É sempre hora de recomeçar, manter a cabeça erguida e sorrir para o mundo!

(É muito bom ter amigos preciosos e dedico este breve e tipicamente meditar de ana K a algumas amizades muito especiais: C.G. Poulain, Soul Sister, C.F."L". que me trouxeram algumas das expressões ou idéias usadas aqui).
"Amigos são anjos presenteados a nós pelos quais devemos zelar e aos quais devemos lealdade e amor".

Thursday, October 26, 2006

UM POUQUINHO DA TINTA

Eu me cobrava pelo erro de ter seguido palavras bonitas, porém vazias de verdade... Culpava-me por ter mergulhado numa correnteza mortal da qual só saí pela graça divina.

Então, um anjo em forma de gente se aproxima pra me dizer que eu não tenho do que me culpar, afinal tudo que fiz foi correto e com toda dedicação e amor. Afinal, não é meu erro “ter fé nas pessoas”. Se eu mergulhei na correnteza foi porque ela já estava a me envolver, já me capturara sem que eu percebesse e não teria mesmo como evitar a quase-morte...

Assim sendo, chego à conclusão de que sou normal, passível de escolhas erradas, capaz de voltar até onde peguei a direção errada e ir em direção correta para levar minha vida avante. Cobranças nunca mais!

E “ai” de quem achar que pode apontar seus dedos sujos ou mutilados para mim – ou pra quem quer que seja! - propalando quaisquer que sejam as palavras; agora, só aceito palavra de quem guerreia minhas lutas, ao qual todos que se levantarem contra mim terão que prestar contas. Afinal, tenho um “Santo Forte”!

Eu? Agora eu “não quero nem saber quem pintou o céu de azul: eu quero é um pouquinho da tinta!”.

Wednesday, October 25, 2006

QUANDO CRESCER

Ela, cuja vida traz em si o rastro do céu, das árvores verdes, das flores e do mar; ela que tem coração do tamanho do universo e atitudes justas e sábias. Ela que é mãe, esposa, poetisa, amiga e anjo. Tem asas de céu anil, palavras de arco-íris, presença de pedras preciosas e enche de sorrisos minha tarde porque sabe fazer gentilezas e carinhos na alma da gente! Quando crescer quero ser como ela!

Tuesday, October 24, 2006

ANDORINHA AZUL

Desfez-se de tudo,
despiu-se de todos...
Apenas nos pés suas botas de vôo
e nas rijas costas as asas azuis -
parte sem par andorinha morena
buscando o verão que ela nunca fará.

Monday, October 23, 2006

EXPRESSÕES

"O amor quando se revela,
nao se sabe revelar"*

E eu ao me expressar
não me sei alinhavar:
deixo soltas todas as pontas
e no meio um grande defeito
como rasgos esfarrapados...

Livra-me desse sofrer!
Dá-me de novo este sorrir!


*Fernando Pessoa

Sunday, October 22, 2006

PRIVAÇÕES

Quando os olhos não se cruzam, e as mãos não se tocam, quando o perfume não é sentido, a voz é emudecida e a pele intocada... Cumpre-se o que diz o ditado: “o que os olhos não vêem o coração não sente”. E para não sentir, afasta-se, ausenta-se, distancia-se...

Afasta-se na distância de milhares de quilômetros... Cala-se no silêncio de enigmáticas palavras e sinceras frases... Ausenta seu perfume no desconhecimento da fragrância. Consola-se no saber da existência do outro. E se firma na idéia fixa e teimosa de permanecer boiando na superfície recusando-se o mergulho nas profundezas de conviver.

Privar-se do compartilhar mútuo, do apego afetivo e do compromisso em cuidar é a defesa que encontra para não mais sofrer de amor. A ciência prova o que sempre pensou: prazer e dor caminham juntos e originam-se no mesmo lugar do cérebro. Portanto, não se permitirá o prazer do amar para não sofrer a dor que ele sempre lhe traz.

Não adianta seus sacrificiais esforços mediante ausência de forças... Não acredita. A dúvida sempre lhe ronda e o ceticismo tenazmente marca. Não sente a leveza do encontro... Tem apenas o trauma das mentiras do passado que maldosamente continuam afligindo...

Não sabe até quando será assim. Sabe da desordem que tem no presente da vida, da casa, da mente e da alma. Quando tudo se ordenar, a verdade prevalecer e a paz reinar, qual será sua pretensão? Haverá ainda tempo para amar?

Saturday, October 21, 2006

AMAR E DEIXAR SER AMADO...

Na lembrança ficaram os momentos pequenos e singelos, marcantes. Ora braços ora pernas se apoiando, mãos se enlaçando em simples sintonia, toques suaves que não ficaram desapercebidos. Formas de carinho em buscas discretas. Reflexos de carência?

E o querer realizado. A totalidade, sem pressa nem cobranças, acontecendo naturalmente, suavemente. O cuidado e o carinho transbordando pelos poros. Boas sensações... Formas de amar mais sublimes que muitos atos de cama. O fazer amor sem precisar se despir de roupas, pois que estão mente e coração despidos de máscaras, capas...

O viver e o deixar-se viver. O viver cada momento, pois o futuro é desconhecido... E disseram-lhe que “só não vale chorar...”.

Thursday, October 19, 2006

NOTAS E CONCLUSÕES...

Nota, avaliação. Foi o que lhe pediram... Espantou-se! Não pensava nisso, não sob este prisma! Não julgava, não avaliava. Apenas buscava viver. Com medo, inegavelmente; sem exigências ou soberbas, porém. Sabia que era uma experiência louca, quase kamikaze, e altamente arriscada.

Ao invés da nota, sugeriram-lhe pensar amplamente, sinceramente. A eterna necessidade humana de aceitação requerendo dela reflexão da situação sob todos os prismas possíveis...

Já começara com aqueles predicativos clássicos – e sempre pouco encontrados... – uma pessoa simpática, legal, sociável, carinhosa, atenciosa e, por que não dizer, também, sensual? Alguém simples, "desencanado", diplomático, bem-humorado...

E ao chegar em suas conclusões básicas, lembrou-se de que tudo e todos, no que possuem de melhor, podem – e devem – melhorar sempre, e mais, aprimorar tudo que for bom para que fique ainda melhor a cada dia...

Afinal, principalmente nessas coisas, nunca deve haver conclusão para que sempre exista crescimento positivo.

ESTRO 27



Começara a chuva lá fora. Dentro, o sol amarelo e o céu azul e as nuvens brancas espaçadas pelo ritmo impresso pela brisa coloriram os olhos que vagaram e encontraram o filtro-solar.

Friday, October 13, 2006

EUFORIA

Metrópole brilhante,
Ritmo eufórico.
Comemos a valer!
Saudável,
Divertida,
Aprazível
Multidão de dois -
O melhor do cardápio!

Wednesday, October 11, 2006

OBRIGADA, QUERIDA!!!


Para C F "L" com carinho e admiração II


Ela atendeu positivamente ao meu chamado. Desde os primórdios à distância. E passado o tempo tratado, ela estava lá, na hora marcada. Sorrindo, abraçando, deixando-me leve e à vontade! Com sua delicadeza e sabedoria, experiência e singeleza, soube suportar o peso dos receios legítimos. Tirou-me dos ombros o peso da carga e cobriu-me do ouro mais puro e valioso: amizade. Permitiu-me conhecer sua essência, sapiência. Depois veio a semente reluzente em grandes olhos curiosos e atentos.
Ela manteve a atenção, a consideração por todo o tempo - delicadeza e classe únicos. Em meio ao turbilhão da cidade grande, ela me deu uma tarde de inestimável valor em que alma foi lavada, mente foi aberta e coração acarinhado. Seu tempo, seus ouvidos, suas palavras, atitudes, sorrisos e poesias são e serão pra sempre lembrados, sempre louvados, sempre apreciados e muito agradecidos! Sua vida é brisa que refresca e faz o vôo esperado sereno e tranquilo.

Tuesday, October 10, 2006

ECHARPE DOURADA


Para C F "L", com todo carinho e admiração!


Nos ombros não mais carrega o mundo ou sua culpa.
Sobre os ombros não mais veste capa pesada...
Sobre os ombros paira perene o leve e áureo presente que encerra lembrança e significância do encontro marcado, da amizade selada, da harmonia de almas.
Tantas histórias, tantas experiências...
Paciência para ouvir atropelos de falar.
Vida.
Surge alegre a afinidade em aromas dos brindes e dos perfumes.
Lembranças nas cartas e nas fotos...
Simbolismos de significados especiais...
História.
Dos olhos e das cores, a voz de criança, em cumplicidade e devoção concretas. Vívidos, límpidos.
Gente de carne e osso, confirmando suas belas palavras.
O coração não se cansa de lembrar e celebrar preciosos momentos.
Verdadeiros.
O coração não permite o sono dominar para não desligar da memória as lembranças vividas.
Luz.

Monday, October 09, 2006

LEMBRANÇAS DE UMA NOITE...


"Na Paulista os faróis já vão se abrir e um milhão de estrelas prontas pra invadir... Se seus olhos emigraram sem deixar nem pedra sobre pedra pra poder lembrar, dou razão. É difícil hospedar no coração sentimento assim."*

*Trecho da música Paulista

Sunday, October 08, 2006

QUANTO VALE?


Façam suas apostas!
Atentem-se ao lance.
É inicial; especial.
Pasmem-se, se quiserem!
Assustem-se...
Ou deleitem-se na audácia
e coragem. Seria afronta?
Não para os que compreenderam o porquê de tal atitude.
Pois enquanto alguns miram olhar no passado,
eis aqui os que olham... o efêmero!

CAIXA DE CORREIO

Sabe bem qual seu desejo: ter de volta o brilho da vida, a coerência justa da mente, a fluidez do raciocínio... A disposição do corpo, a cor dos sonhos, o sorriso dos olhos, o sabor da amizade.

Tudo em perfeita ordem, harmonia trazida pela restauração necessária. Não contratou o arquiteto. Ele esteve sempre presente, e naquele dia foi visto e convidado a executar o projeto. Projeto dele mesmo, que incondicionalmente aceitou.

Exatamente como quer: transparente, com muita luz e natureza. Aberta por todos os lados para tudo da vida, do ar, da terra, da água. Para as coisas todas que conectam o equilíbrio interior ao exterior.

Trabalho em time que é maioria, que pensa nos detalhes e conserva a reverência. Sempre só verdade. O tempo marcado pelo sol a percorrer a passarela do céu sombreando o marco que simboliza o aprendizado: a caixa de correios.

Monday, October 02, 2006

APENAS MITO


5 Feitura de desejos secretos
Alguns dias perdurando como séculos
A imagem criada da pele morena
os olhos brilhantes
o corpo suado de sol e calor...
A unidade exalando o aroma
inebriante do desejo selado
O renascer das cinzas
A Fênix abrindo as asas
e novamente singrando céus.

DELEITE*

É na beira de águas correntes que o riso corre solto! É um enxame de crianças que não conhece o consumo a não ser da brincadeira e do deleite de se banhar, se divertir e compartilhar tempo, amizade, vigor e bom-humor. Juntas, compõem o milagre da Criação: amigas do rio, com o brilho do sol na superfície das suas águas e o cantar de suas correntes seguindo pro mar, harmonizando ali as gargalhadas transbordantes e viçosas, e o brilho dos olhos refletidos nos lábios, fazendo as mãos luzirem as gotas no sol escancarado no céu de lá e cá. E dali, no coração do contador!

* Veio à existência graças a RBdC. Espero não ter desapontado!! Gracias!!!!

PASSA-TEMPO

Pôs a bebida bem ao seu lado... O abajur portátil refletia a luz o suficiente para que conseguisse ler algumas linhas... Desinteresse era o que mais possuía naquele instante: pela leitura em si, pelo tema, pela circunstância que levara a essa escolha no meio da noite.

Sabia que tinha algo de errado em tudo aquilo. Era o desvio de foco, a desconcentração quanto ao objetivo que precisava alcançar... Não conseguira nada, e de repente percebera que este fora seu erro crucial: desviar-se da rota. Não a corrigiu. Nem sequer percebera que saíra dela por completo. Deixara-se levar pelo vento de qualquer sussurro... Como uma folha seca caída de uma árvore qualquer...

Desde então se perdia em meio a pensamentos nenhuns, olhando o vazio das coisas, a insignificância dos ambientes... A única direção que ainda conseguia fazer seu coração se acalmar era a direção do alto, do azul do céu ou mesmo do róseo da noite de chuva...

E reforçava sempre dentro de si que nada mais nem ninguém lhe valeria um tempo ou um esforço, uma mão estendida ou um sorriso no rosto... Não mais dispunha da solidariedade ou fraternidade, simpatia e amizade que antes lhes eram naturais...
Tudo e todos lhe eram sempre fonte de lágrimas, dores, lembranças dos malogros em que se envolvera...

Reconhecia que se tornara uma pessoa lamuriosa, cheia de lamentações e murmúrios... Sabia do erro de fazer deles sua fonte de defesa, mas não conseguia encontrar outras, ou utilizar outras existentes e construtivas – nem mesmo conseguia enxergar outras opções.

Quanto a nova situação, lembrava com afinco: Errara uma vez, não cairia novamente no mesmo erro. Se escolhesse por isso, saberia ao certo ser apenas uma escolha efêmera, apenas como passa-tempo. Aliás, na sua mente, era o que pretendia com todas as escolhas que lhe ocorressem dali em diante.

A convicção dentro de si era forte de que não mais havia possibilidades permanentes na vida, nos meios, nas pessoas. Tudo passageiro, tudo passa-tempo.