A Terra muda Tudo mudam Todos...

Thursday, January 25, 2007

MELHOR QUE GENTE

Temos um cão de estimação. Um vira-lata. Não tem raça determinada mas sabe o que quer. Não aceita desmandos e é a autoridade. Todos fazem suas vontades e quando dá na cabeça – ou nas patas? – ele foge de casa.

O bicho é inteligente. Essa fuga é calculada. Sabe bem até onde ir, e volta pelo mesmo caminho que seguiu. Marca seus pontos com seu próprio cheiro e não se furta a entrar onde tem um seu igual. Destes, alguns são desafetos e outros, mesmo que com o quádruplo de tamanho do seu, são amigos do peito!
Engraçado como é nosso cão. Embora encrenqueiro e em muitas vezes nervoso por nada e bravo de dar medo, ele é tranqüilo. Ele não tem preocupações, somente de saber que tem um cantinho da casa onde está sua ração e sua água. Não precisa mais que isso, e uns remedinhos pra coceira de vez em quando...

Brinca, fica atento a cada um que mora na casa, reconhece vizinhos e amigos mais freqüentes no pedaço, adora nadar conosco, faz companhia e sabe se algum de nós está feliz ou não. Obedece, sim. Sabe a hora certa em que pode se rebelar. Adora ficar na cozinha quando alguém prepara uma guloseima. É um bom companheiro. Nele vemos fidelidade e verdade. Não há trambiques nem falcatruas. Aliás, ele nem sabe o que são essas coisas.

Nosso cão cor de caramelo é filho da natureza e não se deixou corromper. É cão e pronto. E é melhor do que muita gente... Aliás, acho que hoje em dia, ser gente está em baixa!

Tuesday, January 23, 2007

ANJOS MERECEM O MELHOR

(Baseado numa conversa, e em muitos sentimentos que afloraram dela, dedico este texto àquele motoqueiro que não teme as distâncias para alegrar um coração e colorir alguns dias... É o típico anjo em forma de gente.)


Todo mundo sabe: quando alguém perde um ente querido pra morte, precisa de um tempo de luto e de adequação a nova realidade sem aquela pessoa... E isso pode acontecer rapidamente ou não. Ouvi dizer que podem levar até dois anos para que uma pessoa se recupere da perda de alguém querido e próximo a ela.

O que dizer então da própria personalidade? Da auto-confiança? Da esperança? Será que é mais fácil recuperá-los, recompor a vida sem eles ou com outros diferentes no lugar? Por que então alguém ou muitos “alguéns” se sentem no direito de cobrar e exigir que eles “não chorem”, “levantem a cabeça”, “esqueçam o passado”?

As pessoas não têm noção do que é viver um ano inteiro ao lado de alguém que lhe suga todas as energias, esperanças, confianças... Alguém que a manipula e a faz simplesmente perder por completo o rumo da vida, os ideais, sonhos, objetivos, o rumo do pensar, da própria personalidade...

Em acontecendo isto, perde-se a direção, não se sabe o que fazer com essa coisa chamada Vida e que Deus insiste em deixar-lhe nas mãos para ser vivida... Se tem algo que dá um forte aperto no coração a ponto de fazer chorar, é isto: rever o filme do passado, olhar o presente e perceber que não se conhece a pessoa que agora é, sabendo de quem um dia foi...

E então alguns dias são banhados por lágrimas. Não por causa de alguém específico. São lágrimas por si mesma... Lamentos do alguém que um dia era, e se perdeu, e não consegue mais encontrar...

Dias em que há falta de fé, e a única percepção positiva é que existam anjos em forma de gente, os quais Deus tem mandado para amenizar os conflitos interiores... E o desejo bondoso de que esses anjos possam logo voar para lugares mais coloridos e frescos... Pois que o que se lhes tem a oferecer é somente um tudo muito cinza e abafado...

E anjos não merecem isso. Eles merecem todo o colorido de borboletas e flores.

Sunday, January 21, 2007

SEMENTE DE ALEGRIA

Parece haver aqueles dias, ou parte deles, em que preferimos não ter nascido ou, pelo menos, permanecido na cama naquela manhã... Quietos, imóveis, apenas sutilmente respirando pra que ninguém tome ciência de nossa existência... É o que sentimos em algumas partes de nossa vida. São os dias, ou momentos, de cor cinza, ou negra... São tempos em que pensamos até mesmo sermos alvos atingidos por "mau-olhados", "energias negativas", "trabalhos"...

Na verdade, são horas pelas quais todo ser humano invariavelmente passa ou passará. Pois não somos perfeitos e somos volúveis! Temos sentimentos e estes são mutáveis: ora se animam ou se retraem, ora se alteram e alternam entre bem estar ou mal estar, alegrias e tristezas, cansaço ou disposição. Tendo motivos aparentes para tais, ou não!

Mas dos momentos cinzentos, um dos piores é aquele em que um carinho poderia fazer toda a diferença e por causa da permissão que a falta de graça do cinza controle o ser, o afeto não se manifesta e resta somente torcer para que o dia seguinte logo raie e novamente a semente de alegria venha ao amanhecer.

Saturday, January 20, 2007

O COMPARTILHAR DO MOMENTO

Ela telefonara... Era uma tarde covardemente quente e por beneplácito divino dispunha de alguns instantes em que pudera refrescar-se em águas cristalinas, exatamente como sempre lhe aprazia em momentos como este. Depois, o longo banho e os pensamentos criando suas asas e voando, voando até um local certo e sabido...

Por isso telefonou. Queria falar, queria ouvir se possível fosse. De certa forma foi. Queria também surpreender, agradar e fazer, quem sabe?, a imaginação no outro lado da comunicação experimentar uma sensação prazerosa no meio do almoço, ou da correria de trabalho.

Ao desligar, ela estava certa de que optar por fazer a ligação não foi de todo imprópria... Afinal, até decidir contatar, tinha dúvidas e inseguranças quanto a maneira como sua estima seria recebida do outro lado da linha. Sentiu-se bem após compartilhar um pequeno momento seu de íntima alegria e relaxante sensação. Momento completo? Não totalmente, por ela o ter usufruído só. Quase tão igualmente gostoso, sem dúvidas, quando bem acompanhada.

Realmente valera-lhe o momento bem como o seu compartilhar.

Friday, January 19, 2007

CARTA DE UM SONHO

Brinca-se muito, arrepia-se também. Será susto, frio ou vontades? Será cansaço e a vontade de dormir? Só não dá pra pensar enquanto dorme. Dá pra sonhar! E nos sonhos pode ser que haja companhia...

As companhias regam, como água que molha a terra e refresca – ou aquece! E tem também o que as companhias podem ver e ouvir e na privacidade do sonho não há portas nem cortinas que precisem ser fechadas. Tudo é aberto, tudo é claro e a imagem é nítida. Não! A imagem nítida é a imagem real: aquela que permite o toque, a troca.

E é no sonho que palavras, pensamentos e ações tomam suas formas perfeitas, onde oralidade e escrita são substituídas pelo desejo do que pode ser. Afinal, sonhos podem ser realidades amanhã.

O sonho é imperativo: ele toma todo o corpo, passa por todo ele, cobre-o. E o sonho faz o corpo reagir. E ele reage. Afinal, o sonho surge para cobrar o que na verdade existe: dívidas consigo mesmo e com os outros. E nos sonhos tudo pode acontecer. Contanto que as dívidas sejam pagas na realidade da vida. Com juros, se assim for.

O sonho permite tremores que às vezes são camuflados na realidade. O sonho traz deserto ou oásis... Faz tudo acelerar ou relaxar conforme toma suas formas e mostra suas intenções. E segue revelando mistérios, curiosidades, esclarecendo dúvidas. O sonho revelando reciprocidade, vontades, viagens.

O sonho esclarece o que deve ser e o que não deve ser. E o sonho tem poder de matar, sugar energias e repô-las igualmente. Ele mostra tudo, ou quase tudo. Mais: revela em partes...
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E no sonho há liberdade. Despe-se de tudo, como que desnudando o corpo das roupas. Ainda que haja pudores, eles são canalizados, e seguem para libertar e fazer pássaros voarem. Daqueles encantados, que não se prendem em gaiolas nem por portas... Não se limitam a distâncias nem linhas. Pássaros contemplados em sonho.

E no sonho do possível novas experiências e aprendizados, práticas que, repetidas, proporcionarão satisfação interior que, só, não se alcançará! E quando o aprendizado é em conjunto os resultados trazem mais detalhes, acrescidos de dois e não um.

Um sonho em que não há somente caças ou caçadores. Ou ambos, e seus amores. Que sentem, vêem, entram, podem, saboreiam, tocam, respiram, cheiram, querem e fazem. Porque quem quer, faz. Vence a vergonha e a timidez e ganha a doação. Doa-se ao outro, e um novo começo surge. O começo da volta da própria essência. Eis o encanto.

Não é estranho, não é errado... É só um sonho, sem atalhos e seqüencial, que pode durar até mesmo uma hora!

Wednesday, January 17, 2007

MEDO E DOAÇÃO

Não é só força que há. Pensar que separar é bom, pois se pode juntar com outras partes e tornar mais forte a força existente. Exercícios de auto-suficiência ajudam sem dar cura. O medo de doar-se fica escondido e veste-se a falta de vontade como fantasia... E então a auto-doação individualista e egoísta gera um prazer quase hedonista. Ou um sentimento não assumido de solidão ou vontades... Desejos mesclados por uma despojada timidez, sempre alerta e preparada para agir, se requerida uma defesa. Boa defesa, a timidez...

Engraçado como medo e falta de vontade podem se confundir... Mas quando o desejo surge e o prazer flui, a satisfação é perseguida e alcançada. É a vontade, e a força dela, que quebra barreiras, vence a timidez, e arrisca o doar-se de novo – ainda que num dia de cada vez – e de repente vê-se gentil, amorosa, carinhosamente de volta à vida. Afinal, é bom viver.

TOMARA!

timidez, medo, insegurança? pode ser...
um coração bonito como aquele...
fácil de amar, fácil de agradar...
e depois daquela noite surpreendente,
a nota só pode ser dez!

que vai pra onze, doze e assim por diante!
( ) sim ( ) nao

tomara que sim!

Monday, January 15, 2007

ESTRO 33

As tempestades passavam ao largo do seu caminho. Sob o sol e o céu azul com nuvens que passeavam brancas ou sombreadamente frescas seguia seu caminho ao destino sempre envolvente. Gostava daquele lugar. Surpreendia-se por sabê-lo palco de grandes decepções porém as alegrias e razões de muitas outras visitas como daqueles dias superavam as más. Adorava encontrar-se com os amigos...

Thursday, January 11, 2007

MONÓLOGO

Sinto que é tempo de renovar, de aparecer, de sorrir. Meu novo ano parece prometer muitas coisas boas, depois de seguidos três anos de grandes lutas e provações. Não sei se atualmente sou uma estampa de mulher ou apenas o reflexo do que quero ser!

Acho que muitos fantasmas ficaram pra trás. E percebo em mim um ânimo maior e melhor engajado para combatê-los, caso reapareçam. Estou mais bem amparada. Não por completo, pois isto depende muito ainda de mim e vários reparos a completar!

Há muitos dias não tiro tempo para leituras leves, sem pressa e escrevendo, como agora, conforme dá no coração. È como sempre me foi a escrita: terapia. E neste exato momento não é diferente. Coloco pra fora coisas do coração, da alma que por vezes desconhecidas de mim mesma!

Aliás, coração hoje pra mim recebe um olhar diferente; antes fundamentava minha racionalidade total da vida num verso bíblico que diz assim: "Enganoso é o coração mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto; quem o conhecerá?" (Jeremias 17:9). E lá ia eu: "Jamais vou dar 'trela' ao meu coração! Ele é enganoso e não se contenta em ser corrupto! Ele precisa ser 'desesperadamente' corrupto! Eu, heim? Dar 'bola' pra ele? Só se fosse doida!”.

Só não percebi uma coisa que há uma semana, com o toque sutil e experiente de uma amiga, vi diferentemente. O verso que segue o citado é: "Eu, o Senhor, esquadrinho os corações, eu provo os pensamentos e isso para dar a cada um segundo o fruto de suas ações”.O susto: "Nossa! Se o coração não fosse importante, por que Deus 'perderia seu tempo' em esquadrinhar meu coração?”.

E entendi que durante toda a vida em que não dei atenção ao meu coração, sendo uma incorrigível racional, permiti que meu coração permanecesse não só nanico mas atrofiando-se dia após dia! E com isso ele não esteve preparado em nenhum dos momentos que precisei para me livrar de uma burrada ou para me ajudar a realizar um sonho... Assim, levei uma "manta danada" da qual ainda não me recuperei por completo.

Agora, estou experimentando o que é "deixar ser pelo coração", de forma responsável e equilibrada. Estou aprendendo até mesmo a sentir raiva sem me sentir culpada! Aos poucos sei que isso vai transformar meu coração cheio de altos muros de proteção num coração um pouco aberto, mais vivo e repleto de sentimentos sem medo.

Tenho esperanças de que num tempo não tão longínquo meu coração não mais se deixe enganar e sofrer tanto, e não mais leve tremendas surras da vida e de pessoas que se aproveitaram negativamente da bondade que há nele - como em todos os corações. Surras e quedas sempre acontecerão, mas que não sejam tão duras e doloridas! Cabe a mim alimentar a bondade dentro dele ao invés da maldade - também nele instalada, como em todo ser humano! Porém só compartilhá-la, a bondade, sabendo as pessoas certas para recebê-la.

Relendo agora o que escrevi até aqui acho que isso é uma espécie de "diálogo comigo mesma", um monólogo talvez... Inspirado pelo mistério da literatura que cria ao nosso redor estações onde podemos embarcar ou desembarcar, conforme vemos as luzes e cores e sons e odores convidando-nos a novas experiências de vida e compartir de pensares.

Vai alta a madrugada e vou-me dormir pensando numa pintura onde vejo uma mesa de jantar posta num sótão misteriosamente organizado e limpo, uma vela que incide sobre o ar opaco do outono fazendo com que dedos e gotas de vinho se toquem e se espelhem enquanto o líquido se mistura sutilmente ao sangue levando a mente ao anestesiamento mínimo necessário para o poema aparecer... Um silêncio profundo sem pesar, uma solidão buscada e prezada, a refeição que alimenta o corpo e as imagens que semeiam na mente sonhos, textos, desejos.

Não seria nosso pensar um misterioso sótão dentro de nós?

Misteriosas palavras que ora nos esclarecem tudo e ora nos levam aos mais inconcebíveis e incompreensíveis pensamentos! E lembrar de Cecília (ou seria outrem?) com seu mistério do sem fim onde a borboleta pousa serena... Sim, pois que se há asa de borboleta por certo ela está toda ali. Eu adoro borboletas. Disseram-me que sou uma. Bem, seja eu em forma de lagarta, seja em forma de prisioneira no casulo ou guerreia a desvencilhar-me dele até que bela abrace o ar com coloridas asas!

Wednesday, January 10, 2007

EM CISMAR, SOZINHA...*

O sonho como lugar
Montanha, céu, mar
Encontrando no olhar
A conclusão que restar:
O mundo a conquitar.

* Originalmente composto em 2 de maio de 2005, em Pindamonhagaba/SP

EI, VOCÊ!

Ei, você!
Que tem sempre um sorriso e um brincar,
que vê otimismo em todo lugar!
Sim, você!
Que abre o peito e respira a vida!
Que vai pra onde o leva o coração em sua sina!

Sim, você!
Que acorda num dia
e pensa que não fez nada de importante...
É coisa normal que lhe acontece!
Experimentar o sentimento de limitação,
incapacidade e imperfeição...
Sentir o gosto da auto-exigência exagerada
e saudades de não sei quem e não sei quê
nesse momento longe de você...

Ah, você,
que é visto sempre de bem com a vida,
tem agora o olhar examinado,
as feições estudadas
e a personalidade admirada...
Durma hoje com essa nuvem cinza em seus pensamentos,
pois seu espírito e seu coração estão sendo cuidados, amados, restaurados!

Descansa em paz, você, homem-menino!
Dorme nos braços dos anjos
e sonha deitar-se nos braços da amada.

A vida é assim, é cheia de aflições!
Anime-se,
pois muitas celebrações estão a caminho para você.
Sorrir é seu destino.
Viver sua missão.

Saturday, January 06, 2007

ESTAÇÃO DAS BORBOLETAS

Já percebi que quando estou desorganizada com minhas coisas, com meu tempo é porque internamente sou o caos! Ainda bem que a luta não terminou e não me dou por vencida. Estou cansada, sim. Ferida, demais...

O sol de tanto esquentar cegou minha visão e nem um espaço futurativo antevejo. Expectativas apenas surgem quando palavras de queridos aparecem como que balsâmicas rodeando-me feito nuvem colorida de borboletas...
E com elas refaço minhas forças, energias são novamente recarregadas e sorrio por lembrar-me de mim mesma como quero ser. Entendo enfim que a vida é feita, sim, de estações, e ainda que a última não tenha sido tão bela, já está lá atrás, no passado. Passageira que foi.

Importa agora a atual, que é toda do bem: flores, sorrisos, amigos, amores. E as borboletas continuam a rodear-me... Deve ser a estação das borboletas!


* Graças a um email sintético, denso e inspirador, consegui perceber a "estação das borboletas"! Obrigada, C.R.S.!!!

ACHADOS DE MIM...

Descasca-me e encontrarás o mundo
Desata-me e voarei como águia!
Desvenda-me e encontrarás mágica...

Ou ainda:
“Descasco-me e encontro o mundo
Desato-me e vôo como foguete!
Desvendo-me?
Indesvendável enigma...”*


Acho que sou um mistério! Envolve-me uma vontade de que me descubram, e descasquem camada por camada, até encontrar lá no fundo o que realmente sou. Quem sou?

Acho que tenho espírito de passarinho... Quero voar, vivo olhando pro céu e digo sempre que é pra lá que eu vou! Seria eu como águia ou apenas peça com asa quebrada? Acho que estava certa: sou recheada de palavras truncadas!

Sou mundo, sou ave, sou gente que sente e sofre e chora e dorme e ama. Sou vida, sou lida, relida e querida, por vezes esquecida. Também desmedida, descabida! Sou sorte por perto, sou destino incerto: nenhuma segurança e muitas lembranças.


* Thanks to C.F."L".

Wednesday, January 03, 2007

REMÉDIO BOM

Uma camisa vermelha era sua passageira constante. Ficava ali, acomodada na poltrona do carona naquele carro preto. Da mesma cor do rótulo escolhido na noite anterior. Sentia aquele cheiro a todo instante como que desejando que ele se tornasse vivo dentro de si, tal qual há algumas horas sentia vivo e quente aquele que a vestiu. E dela se despiu para a despedida. Não tremera na hora do incidente. O tremor começara diante da ausência de notícias. Qualquer sinal auditivo de que tudo corria, literalmente, bem. Acalmava-se com seu cheiro. Recolhera-se por uns minutos para lembrar os instantes tão recentemente vividos e descobrira que sinais visuais, claros, opacos, inequívocos lhe marcavam, ainda. Controlava-se e tentava em vão desacelerar o coração. Contentou-se com as gotas aquosas, promessas de resgate... Lembrava com isso que o seu melhor remédio tinha nome bom, sensível e cuidadoso, e não de homeopatia.

Tuesday, January 02, 2007

TIM TIM 2

Chuva, sol, nuvens, vento, calor, garoa, lua cheia, estrelas, terra, asfalto... Morros, chaminés, picos, rios, corredeiras... Dia, noite, madrugada, tarde, manhã... Café, água, sucos, vinho, black label, gelo, refrigerante... Moto, carro, caminhadas, mergulhos, vôos... Reflexões, adoração, respeito, unidade... Pizza, sushi, filé tornedor, lentilhas, fricassè, feijoada... Amigos, família, distantes e bem perto, ligações e saudações... Brilho, brindes, risos, roupas e nus... Pernas, costas, nuca, mãos, boca, ouvidos, olhos, peito aberto pra vida, amor...

Ingredientes de um reveillon ímpar
Celebrado em par
Dias em que tudo foi brindado
Com sentido marcado
No tempo reverente
Do agora presente.
A vida que volta em doses generosas
Trazendo refeitas dedicação, idéias vigorosas
Novos ânimos, motivos, objetivos, energia
Prontos a compartilhar alegria!