A Terra muda Tudo mudam Todos...

Tuesday, September 26, 2006

Estro 26 - LIQUIDEZ

Depois da tempestade nunca mais se viram. Será que o desejo de reencontro era recíproco? Os planos da viagem se desfizeram. Não houve nenhuma possibilidade de o trabalho, enganosa ocupação!, lhes permitir se verem. Não seria agora, nem saberiam quando. As visitas de negócios e a possibilidade de novidade no ar minguavam-se. Talvez devesse isto ao fato da energia que rondava por ali. Era sabido que o cinza predominava. E do lado de fora da janela, ironicamente, era parecido. Desconheciam a realidade de cada um e aqueles sorrisos de outrora passaram a ser lembrados agora como sorrisos amarelos, dos quais o significado não passava de passa-tempo juvenil. Cada qual com suas carências - superficiais supridas, profundas ignoradas - seguiriam mundo afora, sabe-se lá até quando, nessa liquidez hedonista...

MOMENTO...

“Há momentos que na vida olhamos pra trás e precisamos de ajuda pra poder continuar...”
Este é um trecho de uma música que um dia me consolava, me dava forças... Hoje, não preciso olhar pra trás para ver os meus erros... Eles vêm até mim, quase que diariamente, por e-mail. Não consigo lidar com eles. Não consigo entender o porquê de isso ainda perdurar... O erro cometido foi desfeito. E como se não bastassem essas assombrações, a batalha travada, contra minha vontade, num momento tão inadequado, de forma tão injusta para ambos os lados... As perdas são irreparáveis. Somam-se às já moribundas da lista que venho colecionando: fé, esperança, amor...
No lugar, nascem medo, egoísmo, frustração... Até quando algo assim pode durar? Onde estão as respostas para uma existência tão medíocre num mundo tão insano?

BLOCO DE CONCRETO

“Não vejo a hora de te ver bem. Não vejo a hora de te ver, bem.”

Foi a mensagem que recebera. Seus olhos marejaram instantaneamente. Sentia o carinho, a atenção, o amor amigo... Também não via a hora de se ver bem, e de novamente se ver. Pois o que via era alguém que não conhecia, nunca foi nem queria ser.

Olhava ao redor, adiante e para trás e não conseguia perceber onde fora que se perdeu, a ponto de não conseguir prosseguir. É como se seus dois pés estivessem presos num bloco grande de concreto e este secado por completo. Impossível sair do lugar...

Cadê aquela máquina de quebrar asfalto? Será que mesmo com o ruído alto suportaria que alguém quebrasse esse concreto ao redor de seus pés e enfim caminhar de novo?

Não somente andar, desaprendera viver, ser.

..............














Além do horizonte deve ter algum lugar bonito pra viver em paz...

Estro 22 - SOBRE SAUDADE

"Saudade é melhor que caminhar sozinho". Odeio essa frase. Li há muito tempo atrás e não sei porquê, mas ficou na memória. Só pra me atazanar... Toda vez que ouço alguém dizer que está com "saudade", vem-me a infeliz frase à mente. Eu não acho que melhor saudade do que caminhar sozinho. Nem um, nem outro! Por que estou escrevendo isso? Afinal, pra que falar algumas coisas? Não aprendo, nunca! Estudo, estudo... Algumas vezes cabulo... E jamais aprendo... Mas fico com o caminhar sozinho: não incomoda e é melhor. E, "antes só do que mal acompanhado"!!!

Friday, September 22, 2006

A VIDA NO TEATRO

Hoje ela escolheu ficar no lado oposto da cama. Acomodou-se com as macias almofadas servindo-lhe de apoio confortável às costas e com o livro de anotações sobre as pernas, estando já habituada a esta posição, começou a escrever. Não sabia qual seria o início, quiçá o final do que haveria naquela folha branca quando tudo terminasse.

Sentiu necessidade de uma companhia. Na ausência de amigos sinalizando, acabou por ceder ao inferninho barulhento da televisão. Só não estava pior porque encontrou um canal transmitindo passeio àquela Ilha que um dia pretendera voltar, e a narração do programa colaborava com seu treino no idioma estrangeiro favorito.

Mesmo diminuindo cada vez mais o volume do aparelho, ainda sentia o incômodo que lhe era aquele barulho saído de uma caixa cinza com uma frente de vidro colorido que mudava de cor e desenhos a toda hora. Aliás, era o que menos fazia quando ligava a tevê: olhar pra ela. Concordava que para notícias mais urgentes, se não ganhava da sua inseparável Internet, a tevê também contribuía para a ligação da grande Aldeia Global na qual o planeta se transformara em tão pouco tempo.

Passou então a se concentrar no objetivo do documento daquela noite. As memórias e os detalhes da noite anterior completamente insone vieram-lhe de imediato como que a lembrá-la que havia muita coisa bonita pra pensar. Quem sabe ela pensou que poderia incluir alguns desses detalhes – e outros, talvez – na dissertação que lhe cobraram sobre cada tópico daquele documento?

A noite seria longa, pensou. Não queria ficar muito tempo debruçada sobre o trabalho e gastando tempo de descanso com coisas que não lhe são prioridades. Pelo menos a partir deste momento em que se preparava para dar início ao projeto documental. Era sexta-feira à noite; seus sábados e domingos já estavam comprometidos há semanas com o tão procurado e esperado curso. Precisava se preparar para a aula da manhã seguinte, a começar tão cedo. Requeria-lhe descanso mental e físico. Preocupava-lhe repor o sono de duas noites: a atual, e a anterior.

Já tinha acontecido antes e de certa forma foi como uma peça de teatro que retrata a vida real, reeditada e reapresentada. E na sua opinião a “nova roupagem” dessa peça ficou muito mais agradável de se participar, e de se lembrar. Ou talvez fosse uma continuação da história que começara naquela primeira insone noite de que tem lembrança...

Não distavam tanto tempo uma noite da outra. A grande diferença, porém foi realmente no enredo da segunda peça. Muito mais profunda, ofereceu mais significados àquilo que começara na primeira noite-peça. Sim, por que não encarar os fatos vividos como peças de teatro, os quais tenham continuidades, como os capítulos dos livros dão um ao outro a ligação necessária par formar a história completa – e inevitavelmente deixar um marco na vida do leitor?

Agora, era uma peça com uma história real. Peças passadas em noites insones, cujo cenário não mudara em muita coisa a não ser alguns objetos de uso pessoal em lugares diversos do anteriormente encontrado, e o objetivo com o qual começaram cada peça. Na primeira, o egoísmo, o individualismo. Dali, uma semente foi plantada e na segunda peça percebeu que a semente brotava e uma amizade tinha toda esperança de crescer dali. Então, foi nessa linha de pensamento que o enredo da segunda peça seguiu.

A lembrança das belezas só possivelmente testemunhadas se a noite é insone vem novamente diante de seus olhos: a cor do céu. Na primeira vez, o alaranjado desfazia-se em nuances perfeitas até encontrar o azul. Na vez seguinte, apenas o cinza. Cinza bem claro. Tudo nuvem no céu. Céu diferente. Cada céu e cada dia são únicos. Como a peça da qual saíra instantes depois de se aperceber do céu claro.

Para finalizar aquela segunda peça, naquela hora displicentemente informada, carimbou o memorando e enviou-o. Isso foi feito quase quatro horas após o final da peça. E três horas mais tarde o memorando foi retornado com o parecer do destinatário inicial. Foram as palavras que lhe incitaram a mais uma aventura light das quais sentia saudades: negociar alguns dias de trabalho e voar até os braços amigos em terras férteis com marcos de vida há algumas centenas de quilômetros de distância. Uma negociação delicada será necessária para tal plano tornar-se real. Nessa altura do campeonato, quem aprovaria que ela arriscasse novamente o caminho da felicidade?

Afinal, o contrário dessa ousadia por ela mesma era amplamente apregoado. Será que conseguirá apoio e patrocínio para a aventura? De uma coisa estava certa: estaria de braços abertos para ser abraçada por aqueles braços tão incertamente amigos...

... Era a desconfiança que se colocava a postos de defesa dentro dela. Disto não conseguia se desvencilhar – e será que queria?

Estro 25 - CHUVA NO OLHAR

Dizem que chuva lava a rua
E também refresca o ar
Dizem que é água celeste na terra...
Ou pode ser palavra nua
Em gotas de chuva no olhar
Marejado pelos sonhos que encerra...

Wednesday, September 20, 2006

A HORA DOS PIRULITOS

Era dia de festival... Cada carro deveria ter seus quadrados enfeitados de bolas coloridas... Os motoristas, seguindo a tradição dos séculos, usavam os saborosos chapéus das frutas colhidas na véspera, logo ali em cada nuvem amarela.

Como sempre faziam, deixavam os pirulitos que nasciam nas azuis para as crianças, que depois do desfile corriam até cada um dos ninhos e deles colhiam os mais brancos... Eram os pirulitos das nuvens azuis aqueles separados para esta celebração.

E o sorriso era afoito, as palavras desencontradas tamanha alegria em cada morador da neblina que comemorava seu centenário. Desde a fundação, foi a escolha não lhe dar um nome. O importante seria, como veio confirmar a história, o espírito de cada habitante, a feição de afinidade com o estilo normativo criado para reger tal comunidade.

Enquanto os homens eram os responsáveis pelos carros e seus adereços, as mulheres ficavam às voltas da sinalização dos telhados, pois cada curva era um perigo para espectadores e participantes do desfile: colocar os laços indicativos de cada uma delas, as cores apropriadas, era fundamental para a segurança de todos.

Não havia competição, nem rivalidades... Só que, respiração de homem, o gosto pela velocidade... As sábias mulheres se precaviam! 5Afinal, brincar de carro, quadrados deles com os enfeites de bolas e a criançada na impaciência pelo final de tudo para degustar os pirulitos cultivados durante a década inteira...

Talvez por isso mesmo colocavam sempre o preá para vigiar os relógios, a fim de que nenhum engraçadinho adiantasse as letras para o desfile passar logo e, claro, a hora dos pirulitos chegar.

Tuesday, September 19, 2006

SERÁ?

5
Terminara de ler as correspondências... Não eram suas, mas de forma estranha sentia como se fosse uma daquelas pessoas que ali derramavam palavras de buscas, questionamentos e esperanças. Não sabia com quem se identificara mais. Será que trazia em si marcas profundas que ambos naquele início de trama possuíam também? As marcas de desejo ardente, profundamente buscado, de desenvolver, aperfeiçoar e partilhar o que de melhor e mais querido tinham. Sentia como eles: tinha a mesma sensibilidade, sua arte, sua insaciável busca pelo novo desconhecido e repleto de significados e histórias.

Correspondências que viajaram o mundo inteiro! Lidas por outros milhões de pessoas que, muito provavelmente, tenham tido as mesmas impressões. Será que alguém poderia ter uma impressão tão parecida como a sua?

Queria que aquelas fossem suas, somente. Queria que as coincidências de lugar dos últimos dias, nas fictícias situações passassem de meras semelhanças de sonho. Será que um dia conseguiria? Que tornassem a concreta realidade, preferencialmente com uma placa em néon bem chamativa dizendo: É pra você! Eis a sua realidade.

Como se fosse algo do tipo: Arrume outros sonhos, porque este já é realidade.

Acordou de repente, com o som estridente de um trovão – tão incomum na região em que temporariamente fixara-se. Não aconteceu? Será que foi apenas um sonho? Percebeu, então, que o livro com as correspondências jazia semi-aberto sobre seu abdômen, e a página que primeiro olhou em seguida foi justamente aquela na qual o pássaro verde olha para a pena azul e parece questionar a si mesmo com a típica timidez dos inexperientes: Será que já tenho idade pra voar?

Monday, September 18, 2006

Estro 23 - RESQUÍCIOS

Tudo ligado, nada usado. Nenhum contato com o mundo lá fora. As palavras amontoam-se no pensamento, tentam sair, encontrar uma razão plausível para a existência. E o resultado sempre desconcertante: nada. "Aqui jaz nada". A ânsia por algo incerto, uma estrada invisível, um lugar que não existe e nem é longe... Quantas tentativas? Quais vitórias? Vês as marcas? Não são cicatrizes, são rombos! Nas asas. No coração. Não batem mais, nem voam. Resquícios de uma vida.

Friday, September 15, 2006

SOBRE VÔOS E PASSARINHOS...

Muitas coisas inesperadas aconteceram. A vida seguiu o rumo que quis e não o que eu planejei. Sonhei muito. Realizei algumas coisas. A última está em andamento - ou seria melhor dizer - em vôo?

Rodeei-me de pássaros. Ao meu redor, alguns de fina estirpe e lindas cores. Espécimes raras dos céus e que fácil, fácil decolam e colorem o azul. Sigo atrás, sendo por eles cuidada e guiada, para não fazer nenhuma manobra avançada, já que ainda sou preá!

Eles cantam pouco... Mandam notícias inesperadas, resumidas, algumas notas... Suficientes, pois cantamos os mesmos sinais - coisa de quem voa. E eles gostam muito de andar em bando! Sempre um perto do outro e dando boas-vindas aos que, como eles, também possuem alma e coração alados. Ajudando, acompanhando... É a índole da união, da cooperação.

Enfim descobri o bando do qual faço parte. Demorei a encontrar e ser encontrada. Foram algumas tentativas, dores bastante, alguns sorrisos, muita experiência... Muito tempo gasto...Enfim o conhecer de meu próprio destino.

Estou a caminho de lá. Não há mais volta. E pra lá eu vôo sozinha. Vou sozinha. Ninguém será chamado nem convidado.

COMPENSAÇÃO*

Não perco meu sono! Muito menos com o que não vale a pena... Acontece que eu luto contra ele! Afasto-o, evito-o... Faz-me perder tempo demais! Tempo que é tão precioso! Nem que seja para apenas pensar, curtir o som do silêncio ou sentir o ar quente e abafado trazendo à superfície da pele o suor de cada poro do meu corpo...

O que não vale a pena não recebe minhas mensagens, nem lhe dou minha atenção e cuidados meus... O que não vale a pena não está entre as palavras que pronuncio ou escrevo! Nem em minha lista de notáveis.

Se noites insones me propiciam um bom filme, algumas boas risadas, um livro nas mãos, o olhar estranho ou a tentativa de auto-compreensão... Eis valeu-me a pena ter a insônia por companhia! Não foi perda de sono! Foi opção pelo despertamento.

É pra viver. E quando chegar o momento, voar junto. E somente. Eis um ganho muito maior do que a breve perda de sono. Bendita compensação!

Quanto às buscas e desencontros, qualquer ingestão entorpecente... Nada a se preocupar! Apenas pensamentos emaranhados saindo em forma de palavras escritas... A vida segue e com o passado tenho aprendido. Não vivo lá. Meu presente é minha amizade. E se isto não for aceitável ou acreditado, o que posso fazer é apenas continuar percebendo e buscando o entendimento desse tudo-nada que me rodeia!



*(um passarinho me trouxe este pensar, depois que chegou seu cantar em meio a minhas correspondências...)

Estro 21 - ESCAPE

Tudo quente, tudo claro, muito duro e áspero... Partiu sem rumo, tomou a direção do coração. Lembranças de uma família, procura por um endereço incerto... Lágrimas como chuva rolando a face já rosada pela emoção. Parou em frente ao desconhecido, observou cores, flores... Viu obreiros, cimento e areia. As mãos abriram um livro. As palavras abriram a represa. Ficou ali durante poucos minutos. Pareceram horas! Respirou fundo, voltou forte a decisão de que a vida deve ser seguida, mesmo em rotina. Um dia tudo passa e a plenitude chegará. Onde estará, não se importou. Esforçou-se para acreditar que as coisas não andam morrendo...

LIBERDADE

Foi andando que voei;
descobri a liberdade
no pulsar do pensamento;
é a vida a seguir
onde paz eu encontrei.

Liberdade dentro em mim
é intensa e profunda
nos desejos de outrora
realizados hoje enfim!

Thursday, September 14, 2006

SOLITUDE - Sol em Tudo (Parte II)

Já era madrugada. Cães, pássaros, carros, vozes... Todos se calaram. Dormia a casa, o jardim, a vizinhança inteira! Silêncio, serenidade, sossego. Deleitava-se nesse trio. Poderia render-se ao sono e descansar, ou poderia manter-se alerta para usufruir singular prazer: o prazer da solitude. O céu escuro decorado pela lua em metade bem alta, já longe, menor e mais branca do que quando a viu no início daquela mesma noite.

Escolheu a opção que sempre lhe foi mais agradável: solitude. O tempo passava por si, os anos juntamente com as marcas da vida e das experiências lhe sendo impingidos no corpo e na alma faziam com que mais e mais apreciasse essa dádiva a qual, percebia freqüentemente e com pesar, poucos sabiam valorizar e gozar. Junto com os sinais que trazia pela vida, a estes somava o crescente apreço pela solitude. Essa capacidade de ficar consigo mesmo, de aproveitar sua própria companhia e fazer crescer o auto-conhecimento. O prazer por estar em sua própria presença. A não-necessidade de outros quando apenas si mesmo lhe é suficiente.

Então começou a pensar no que ouvira no final do dia. Foi a respeito de borboletas. Há algum tempo vinha pensando sobre isso. Chegou a rabiscar alguma coisa a esse respeito. Pouco tempo depois recebera de uma conhecida querida uma belíssima expressão textual que falava em borboletas. Nesse tempo todo chegara mesmo a pensar em fazer uma tatuagem em que nalguma parte haveria uma borboleta. Já tinha até mesmo separado a foto da borboleta que queria marcando seu corpo.

Enfim, começou a pesquisar sobre esses delicados e decididos invertebrados. Selecionou, catalogou alguns estudos científicos, outros nem tanto sobre as borboletas. Sabia que elas vinham de lagartas que depois de usufruir um tempo de vida como tais passava outro período em um casulo e dali, em outro tanto de tempo, a bela borboleta sai, aguarda mais seu necessário período para secagem e alongamento das asas a fim de estar pronta para voar. Fazia a pesquisa, e a seleção de textos a serem arquivados com o intuito de se dedicar a eles no dia seguinte.

De repente... No meio da madrugada... O sinal. Silêncio quebrado. Aviso. Alerta. Os olhos saíram da leve sonolência, os lábios esboçaram um sorriso discreto e já em pé foi-se preparando... Não poderia faltar a tal encontro! Certeza de diversão, gargalhadas, muita conversa intrigante e interessante, compartir de experiências e troca de energias intensas, adição de conhecimento e informações. Um natural caminhar pela vida...

E foi assim e por essa razão que com alegria e satisfação contemplou um amanhecer há muito não visto: horizonte sutil e homogeneamente alaranjado transformado no degradée das cores fundidas que formaram o azul do céu que se estendia sob suas cabeças, inicialmente fraco seguido como em uma sinfonia silenciosa pelo crescendo allegro até chegar no fortíssimo. O perfeito sinal da Criação que sinalizava o nascer do astro rei, para cumprir seu percurso e presentear a terra inteira com um belo dia de luz e brisa, em que a esperança renascia envolta aos cuidados amorosos e fiéis aos que dela se enchiam.

E orgulhosamente feliz olhava para o espetáculo que presenciara, concluindo: Valeu a pena uma noite não dormida!

Wednesday, September 13, 2006

SOLITUDE - Sol em Tudo (Parte I)

Foi isso! O feitiço da lua! Ela estava ali, amarela, enorme, meio inteira, meio incompleta... Esplendorosa no espaço vazio entre dois arranha-céus... Foi feitiço ou milagre? Milagre conseguir ver lua tão linda, já em seu tempo de minguar e feitiço pela luz e cor tão intensas e gloriosas no infinito do céu noturno.

Não imaginava que aquela noite, que começara naquela hora de lua no céu, noite mágica, sensual, iluminada, seria também uma noite de encontro, desejos, trocas, amizade, sorrisos e gargalhadas, brincadeiras e toques... Não pensava em nada que pudesse ser feito a não ser permanecer no quarto e buscar o repouso merecido dos trabalhadores... Afinal, acabara de finalizar todos os compromissos profissionais, restando apenas sua atividade física de relaxamento. Não deu por si até que o dia chegou e seus compromissos se aproximaram.

Primeiro trabalhou nas poesias e textos daquela amiga especial, querida, distante no espaço e tão presente no coração! Fez conforme conseguiram suas habilidades. Modificou alguns aspectos, corrigiu a outros, solicitou revisão de quem de direito, tornou a corrigir, acertou os tópicos, escolheu imagens e estruturas... Salvou seu trabalho e enviou, para aprovação, à amiga.

Em pouco tempo, ambas estavam virtualmente juntas – bendita Internet! - combinando, debatendo, decidindo sobre a forma final da apresentação do que era sonho e agora realidade de sua amiga, que estava transformando em palavras sonhos e idéias.

Sentia uma grande responsabilidade para com o feito: ter nas mãos a responsabilidade de apresentar ao público o sonho de alguém tão especial.

Por experiência própria sabia que sonhos são mui valiosos. Há muito tempo começou a se importar de forma especial com sonhos, projetá-los, planejá-los e trazê-los a realidade. Agora participava ativamente do mesmo processo efetivado pela amiga. Reconhecia e aplaudia a iniciativa. Afinal, “sonhos são o combustível da alma”* sempre propagou a importância de se sonhar e de se trazer todos eles à realidade. Divulgava ardentemente a necessidade humana de sonhar e realizar.

Estava feliz. Em meio à turbulência de sua vida naqueles meses ali estava um trabalho que lhe fora mais que terapia, mais que bálsamo. Nele via sua contribuição a alguém especial, corajosa, sábia e que reconhecia seu empenho em tudo que fizera. Naquele trabalho percebeu que era um ser humano útil, sua existência “ainda” era necessária em alguns cantinhos da vida, “apesar” de tantas confusões envolvendo seu nome e sobre as quais não se defendeu, pois deixou isso a cargo de seu Advogado. Tinha, como sempre teve, a certeza de sua inocência. Sabia muito bem que seu silêncio poderia ser negativo para si mesma diante de muitos tanto quanto sabia muito bem que a opinião de muitos ou poucos – embora considerados – não seriam todas somadas equivalente à opinião que mais lhe importava na vida, e da qual já tinha ciência. Estava então tranqüila quanto a seu passado e seu presente. Quanto a seu futuro, este contém a soma da convicção de que muitos sonhos estão já nascendo, são gestados ou vão se concebidos com a garantia da Vida.

E enquanto isso tudo borbulhava dentro de si, com a intensidade da luz da lua, do fluir da vida e do fumegante desejo de realizar, de deixar marcas, de servir como inspiração e incentivo a noite avançava, avançava para mais outra grata confluência de vidas.



* Marcelo Gualberto in, Era Outra Vez Madalena.

Monday, September 11, 2006

MUDANÇA DE HÁBITO

Já vai longe o início da semana... Aquelas horas desconfortáveis fizeram com que se sentisse em meio a uma perda de tempo infindável. Porém, era-lhe necessário o repouso. Estava cética quanto a sua eficácia e ao se recompor viu que o mal-estar permanecia. Nenhuma vontade havia: comer, trabalhar, exercitar... Nada! A tão esperada aula, depois de quase um mês de inatividade... Nada! Não queria fazer nada, permitia-se apenas algumas poucas e mecanizadas leituras, pra não dizer que ficou totalmente ociosa.

Não tinha idéia da força interior homérica que precisaria para superar os últimos acontecimentos... Importava-lhe quase nada os recados-trotes, que andara recebendo... Passar pelo que passou trouxe-lhe mais atenção quanto a acreditar, ou não, no que ouvia e lia. Seu critério para classificar o que realmente importa ficou rigorosíssimo e ainda não havia surgido algo que o superasse. Não seriam aquelas mensagens a poluir sua já tão confusa razão. Sua confiança nas pessoas esvaía-se e não via meios de trazê-la de volta, nem consertar o rombo pelo qual perdia tamanha preciosidade... "Num mundo tão desesperançado, que lástima eu esteja perdendo justamente minha fé"!

Poucos pensamentos conseguia formular... Parecia viver através de uma espécie de "piloto-automático". Sentia-se como a própria folha ao vento numa tarde cinza e fria de outono... Não se achava mais como nas paisagens de Los Angeles, quando cantava o sonho da Califórnia... Não sabia mais o que seria passear na praça, caminhar nas trilhas do bosque, atravessar o rio, mergulhar o mar e observar o céu... Mal se recordava de onde poderia encontrar aquele contraste tão admirado de verde da mata com azul do céu. Sabia, sim, o endereço. Só não sabia onde haveria alguma motivação que pudesse levar ou trazer as cores de volta. Na memória ele não mais estava; no coração não mais cabia.

As muralhas construídas eram tão grandes e largas, espessas e altas, com fundamentos tão profundos que o espaço livre restado era mesmo só isso: um resto de área onde mal conseguia acomodar apropriadamente uns poucos amigos com os quais ainda se prestava a encontrar e conversar – coisa feita muito raramente.

Aos demais, tentava ainda reservar alguma lembrança, algum lugar de memória... Reconhecia as suas qualidades e da amizade que expressavam... Só não sabia como fazer para retomar o lado humano dos relacionamentos. Tudo tornara-se infinitamente mecânico, programável, tal qual a facilidade de se deletar arquivos num computador...

Saturday, September 09, 2006

PASSARINHO

Este poema foi escrito pra mim mesma!! :)

ouvi a respeito de idéias,
aspirações...
pensei: "vislumbres";
encontrei-os em minha alma.
chamei-os desejos.

que venham em sonhos
para logo realizar.
que cheguem ligeiros,
afoitos para os retoques.

composto de vontade e paixão,
confinados na imensidão da razão.
e assim sobrevir pra contar
o que passei e passarei,
passarinho no céu.

Friday, September 08, 2006

EU VI NA TV*

Não gosto de TV. Um filmezinho ali outro acolá e já me dou por satisfeita. Noticiário? Nem pensar! São sempre as mesmas notícias e na maioria desagradáveis... Só que em dia de feriado, já se findando, ainda bem, com clima fresco numa cidade em que o calor escaldante é típico até dos meses de inverno, acabei optando por uma “reclusão cibernética”: aproveitei o dia pra tentar um modelito novo para minha tímida e acanhada volta à literatura virtual – amadora, diga-se de passagem.

Bem, depois de orgulhosamente ver finalizado este espaço aqui em que nos encontramos, inadvertidamente tomando nas mãos o controle remoto da TV. Sem me dar conta, já estava ligada e então corri os dedos nos números mais prováveis de me proporcionar algo menos desagradável. Um filme bem light estava começando... “Hum... Pelo menos vou ter vários colírios pros meus olhos! Andy Garcia, George Clooney, Matt Demon”... Ok, rendi-me à TV por uns instantes...

Assisti ao filme, onde vi, de mentirinha, obras-de-arte das mais variadas serem roubadas, furtadas, e bandidos talentosos se safando numa boa pra usufruir livremente dos lucros do trabalho feito. Na trama cinematográfica, os galãs-bandidos tiveram que usar muito cérebro, cálculos, investimentos, charme, talento, trabalho de equipe além de informantes e informações valiosíssimos para conseguir seu intento e driblar seguranças, alarmes, sistemas de vigilância eletrônica e toda a tecnologia existente para proteção contra o crime (na fantasia do cinema, claro!). Tudo certo então, o filme termina com todo mundo satisfeito: os caras conseguem roubar o que queriam, a mocinha policial reencontra o pai bandido e o moço riquinho permanece rico apenas com o orgulho ferido... Menos as companhias de seguro, com certeza!

Mas depois é que veio a tristeza... Assim que o filme terminou, fui logo atrás de alguma guloseima pra comer... Deparei-me com a TV da sala ligada no noticiário. Qual a notícia? Obras-de-arte: pinturas, gravuras, documentos antiqüíssimos roubados – de verdade - de uma biblioteca brasileira. Não havia sistema de segurança, nenhum vestígio de arrombamento do prédio, a suspeita de que funcionários tenham colaborado para o crime e a descoberta deste feita por acaso! E o que é pior: em se tratando de Brasil, talvez nem mesmo haja companhia de seguro pra ficar insatisfeita com o feito. Afinal, com tanto descaso, será que a biblioteca, que há dezenas de anos não é atualizada (tanto o prédio como o acervo), tinha seguro das obras afanadas?

Constatei mais uma vez que o Brasil é mesmo um “país grande e bobo”... Uma desagradável forma para terminar o dia de feriado pela “independência” deste mesmo país. (E o noticiário foi interrompido para a transmissão da propaganda eleitoral “gratuita”).



*Originalmente escrito no feriado de 7 de setembro de 2006

PASSARINHO


ouvi a respeito de idéias,

aspirações...

pensei: "vislumbres";

encontrei-os em minha alma.

chamei-os desejos.

que venham em sonhos

para logo realizar.

que cheguem ligeiros,

afoitos para os retoques.

composto de vontade e paixão,

confinados na imensidão da razão.

e assim sobrevir pra contar

10
o que passei e passarei,

passarinho no céu.

Wednesday, September 06, 2006

PRESSÁGIO DE LUZ

Apareceu ali. De repente, descaradamente. Como um holofote a brilhar, mirando bem em cima da minha cabeça. Tentei me esquivar, desviar e até mesmo fugir. Rendi-me logo a seu poder, sua atração... Percebi-me indo em sua direção, buscando-a como um pote de ouro no final do arco-íris.

Começou assim nossa viagem. Um pequeno trecho de estrada, umas poucas dezenas de quilômetros e eis que encontrei uma bela companhia! Sua forma perfeita era-me hipnótica! Quase não pude me concentrar na direção a seguir,tamanha beleza se figurava ora sobre os montes, ora escondida atrás deles ou então mostrando-se faceiramente como a sorrir-me e dizer: "Segue, querida, segue! Seu caminho está livre, minha luz é apenas presságio em seu caminho que sempre terá luz, claridade e a clarividência do sonhar que se realiza a cada passo avançado."

Enfim o destino alcancei. Fiz uma parada inesperada. Não poderia deixar de registrar minha companheira de viagem que brincava de esconde-esconde, sorria-me e brilhava, na serenidade da alegria de ser e viver. Dela e minha.

MARAVILHA!

Não há dúvidas! Toda vez que alguém me atira uma pedra – ou várias! – eu corro a recolhê-las, pois com elas posso edificar: Pontes, que me levem a encontros prazerosos; Casa, onde possa habitar e conviver com quem me é valioso, além de ali receber queridos para saudáveis refeições; Escada, para subir sempre mais alto; Abrigo, para os momentos de solitude ou frio ou lutas; Churrasqueira, onde o alimento cuidadosamente preparado é servido entre sorrisos e carinhos!; Escultura, como um marco da vitória alcançada... Que grandes maravilhas!



Então, se por nenhuma razão me apedrejam, ainda que seja dolorido (e como é!) da mesma forma vale muito: aprendo que todas as coisas me são úteis e me servem de ensinamento sobre paciência, compaixão, oração, confiança, segurança... Aprendo também que o silêncio é uma potente arma, talvez a melhor delas, e aprendo que assim como algumas coisas quando se estragam devem ser eliminadas a fim de não contaminar as novas que naturalmente surgem e devem ser persistentemente cultivadas.

HIPNOSE



Moonlight, by Ilhan Yildirim

Tuesday, September 05, 2006

VÁ TE CATAR!

Marcou-me aquele dia em que um email entrou em minha caixa de correspondências eletrônicas para logo a seguir eu constatar um ataque público ao remetende da mensagem. E era este mesmo título que tinha aquele ataque.

Hoje uso a mesma expressão não para atacar, e sim para alertar sobre algo importante nos dias de hoje: a vida continua, a fila anda, quem vive de passado é museu e professor de história... E por assim em diante!

Ora, ou então eu poderia entitular: Deixe-me em paz! da mesma forma que eu até então tenho feito e pretendo seguir assim. Testemunhei, sem querer, os barracos, confusões, dissimulações virtuais... E silenciei-me pelo simples fato de não acreditar que adiantaria alguma coisa. E comprovada está minha teoria.

Em se falando ou não, a loucura, o desequilíbrio persistente superabunda! Meu Deus! Até quando? Chego a pensar que melhor seria aquele salto da varanda do 16o. andar, ou a mochilinha nas costas e a caminhada pelas estradas até uma pretensa colônia missionária no Pará! Acho que seria mesmo mais produtivo.

Mas, não! Não se aceita a realidade; realidade que veio à existência pela infinidade de mentiras e delírios, que mataram a confiança e a admiração. Deixando um coração tão partido e doído que nem mesmo esperança cabe em seus pedaços.

Apenas a resignação de continuar a vida porque este é o chamado. Viver, olhar para o alto, seguir para adiante e fazer o bem, sem prejudicar a ninguém.

E se alguém me prejudica, eu me deito nos braços dAquele que desde sempre me consolou e guardou.

Monday, September 04, 2006

FIQUE FIRME!

(Para "seu" Flô e Renato)


Há alguns meses entrei numa nova fase da vida. Uma fase de lutas. Muitas. Fase que me mostra dia após dia que vivi mais uma etapa da vida, adquiri mais experiência e, junto a isto, algumas cicatrizes, obviamente. Ainda doem, claro. Pouco tempo se passou do início das lutas e ainda agora batalhas são travadas. Sei que nem cheguei à metade desse novo caminhar...

Por escolha própria, venho enfrentando cada investida nessa estrada em silêncio, na quietude do quarto, no vazio das páginas... Compartilhando-a raras vezes com aquelas pessoas notáveis que tenho privilégio de contar entre meus amigos.

Fechando essas exceções, procuro sempre me disciplinar na busca por sabedoria e paciência, domínio próprio e compaixão a fim de proteger-me de ódio, rancor e mágoa que sempre tentam entrar no meu coração. Fundamental manter a sentinela acordada!

Até agora o saldo está positivo. Para meu alívio. Até consigo sorrir! Hoje encontrei certos pai e filho queridíssimos, e que há muito não via, para logo depois receber uma mensagem deles dizendo que eu estou “mais bonita e não menos simpática e sorridente”. Afirmação esta que me trouxe à memória o sábio provérbio que diz: “O coração alegre aformoseia o rosto”.

E então, outro susto! Onde está a alegria do meu coração se logo que os vi quis desafogar minhas lágrimas tão penosamente contidas por tantos e tantos dias?! Vendo aqueles queridos da minha vida percebi que ali havia a famosa “terra dos corações”, onde posso aliviar as angústias, compartilhar as dores dos golpes sofridos, buscar apoio fraternal... Terra dos corações sempre me alegra. Encontrei então a razão da formosura.

Em função das atividades tumultuadas da rotina profissional não pudemos usufruir tal momento de trégua. Atividades estas, no entanto, que não abafaram nem apagaram o brilho dos nossos olhares que se encontraram transparentes e empáticos, conversando em silêncio como que sussurrando num sorrir sereno: “Fique firme”, e acalmando meu ser.

CHORAR E CANTAR

Lá estava ela, em busca de não sabia o quê, esforçando-se pelo desconhecido, ansiando a realização de sonhos ignorados... Mesmo com dificuldades, fazia suas incursões estrada afora, buscava informações, contatava pessoas que julgava aptas a prestar-lhe algum auxílio.

Na última empreitada desse tipo aquela jovem mulher melancolicamente percebe a inutilidade de cada atitude sua. Entendeu que não é tempo de busca, nem de fazer coisa qualquer que seja. Entrara no capítulo da espera, da paciência e do silêncio.

Seus lugares favoritos poderiam até ser por si visitados, desde que isolada das pessoas. Aceitou que este não é seu tempo para festejar. É tempo de prantear e aprender. De semear, ainda com lágrimas pois que a colheita ainda não chegou.

Virá o dia em que voltará carregando seus feixes sorrindo e cantando. Agora é hora de chorar e regar as sementes que estão a cair no solo.

JUSTIÇA SEJA FEITA!

A semana que passou foi para mim marcada por um certo desconforto mental-moral-espiritual... Deparara-me com um escrito antigo dizendo que minha justiça e meu direito sobressair-se-ão como luz de sol ao meio-dia. Uma afirmativa direta.

Fiquei meditando na frase e de repente vi-me assustada e questione-me: “Qual é a minha justiça e o meu direito?”. Afinal, sou humana, limitada e imperfeita. Conseqüentemente, tudo de mim possui as mesmas características – incluindo a justiça e o direito. Então, se sobressairão assim claros como sol a pique... Ó, céus! Livre-me e a todos de se fazerem a minha justiça e o meu direito!

Comecei a me preocupar com respeito a isso e procurar uma boa solução, já que mudar o tão antigo escrito é impossível. Se tal frase afirma que minha justiça e direito sobressairão tão claramente, que eu me cuide bem para que tais sejam os melhores possíveis e os mais louváveis que conseguir cultivar.

Caso contrário, estou arriscada a me ver diante de um tribunal como Al Pacino no filme O Mercador de Veneza. Buscou tão rigorosamente a justiça e seu direito em um contrato firmado que acabou ele próprio sofrendo uma austera condenação. Humilhado publicamente, empobrecido de um segundo para o outro e definitivamente odiado e lamentado.

Foi então que passada a semana inteira com a lição apreendida, chegou a frustração de ver que na prática essa mesma lição não brilhou com a mesma luz (Mais uma prova de minha humana limitação)... Num instante de ira e furor a rica lição deu lugar à impetuosidade de enviar uma mensagem impulsivamente insensata que agora opera o receio de dias e dias desassossegados por possíveis atitudes malucas daquele que a recebeu.

Tudo pelo simples fato de eu não esperar pacientemente para que justiça e direito futuros e aperfeiçoados brilhassem... Então jazia o receio pelas conseqüências que uma atitude impensada proporcionasse caso a loucura alheia insistisse na insanidade de difamar e importunar a tantos.

Todavia, eis surgindo em meio ao turbilhão de pensamentos e sentimentos o consolo definitivo: meu advogado, que é perfeito! Aplicou-me a correção pelo mal-feito e reforçou sua presença titular na lide a defender meus interesses.

Portanto, não há o que temer. Sabendo da retidão e equidade do juiz, da eficácia da defesa e da presença consoladora estou certa de que a justiça será feita!