AMIZADES VIRTUAIS*

É incrível a influência dessas meninas em minha vida. Meu caminho seria muito mais árido sem suas palavras, sem a atenção e a maturidade, praticidade e simplicidade com que encaram a vida. Certamente ser parte da Cidade Maravilhosa, suas belezas e mazelas, tornam-nas assim: sorriso e luz, descontração e sensibilidade. Falo de Poulain e Dory. Duas personagens amabilíssimas das telonas, transmutadas em seres humanos únicos e aos quais nutro grande admiração pelo que me têem demonstrado ser e poder ser do bem e dos céus para me alimentar, acarinhar, aplainar os buracos à minha frente.

E o que dizer de dois corações cibernéticos que hoje tão profundamente me falam sempre, e que conheço o sorrir e o olhar e posso abraçar a cada vez que chego naquela floresta de concreto cheia de arte e cultura, carros e luzes, por todos os lados? São eles que mais me trouxeram a realidade do bem de volta em doses generosas: na sensibilidade do amor e na realidade das palavras, a praticidade e a sabedoria da vida em lições preciosas. Quero-os, Cláudia e Erick, sempre por perto. Vocês me fazem acreditar que eu chegarei lá - lá, onde não há choro, onde está o verdadeiro tesouro...

Meu coração sente quando pensa em vocês. E isso me faz viver.

Obrigada, meu Deus, pela vida destes quatro que me têem feito tão bem. Eu quero fazer isto por eles também.


* Originalmente escrito em 29/03/2007, tarde da noite

QUE COISA LINDA!

Eu tenho uma mãe do coração. É minha mãe adotiva. Ela está comigo o tempo todo. Sabe de todas as minhas alegrias e das mazelas também. Ah... Suas palavras me alegram, emocionam, massageiam meu coração, e brigam comigo com tanta ternura! Ela sabe ver tudo com otimismo, é batalhadora e vence todas as lutas em que entra. Vence pela sabedoria, paciência, amor. Nunca pára de estudar, quer sempre ser melhor. E consegue. A cada novo encontro, novo abraço, novo compartilhar vejo seus músculos do coração mais fortes, firmes, e sempre mais concentrados em seus propósitos. Aprendeu que ela é a mais importante em sua vida e por isso mesmo sabe, como poucos, dar a devida importância aos que passam por seu caminho. E dá muita importância, porque como se ama, ama também: muito! Faz planos, peleja, acredita. Seus olhos brilham ao fitar o próximo, seus lábios dançam ao conversar, seu corpo baila ao mover-se no ritmo da música. Ama música que toca a alma, as flores com seus aromas e cores, os pássaros com seu vôo e cantos. A natureza mora nela, ela mora na natureza. Que coisa linda o ser mãe dessa mãe!

FELICYDADE*

Buscar a felicidade é ir contra todas as más predições, dos mais amados que sejam, e lutar, lutar, lutar sem esmorecer. É cuidar do que lhe seja mais caro e, sobretudo, viver um dia de cada vez. Ter planos, sonhos, desejos e propósitos firmes sem se deixar levar pela ansiedade que tão comumente assola por estes que compõem o futuro. É ter o domínio próprio arraigado, possuir a fé em si e no poder soberano do cosmos, praticar o amor na sua realidade puramente verdadeira – as doçuras e os amargores – para que o trabalho honesto seja, sim, honrado e recompensado, e a esperança, jamais frustrada.

* Totalmente inspirado no filme "The Pursuit of Happyness - A Procura da Felicidade", da Sony Pictures, com Will e Jaden Smith. Pai e filho, baseados numa história real. Assistam!

PERMUTAS

Dê-me uma foto, alguma palavra, uma história, um moto...
Forneça dados, desabafos e tos devolvo em versos, casos, contos, grafos.
Mostre teu caráter e desígnio e te darei minhas mãos
num mundo luzidio.

Disponha-te por um caminho de bem
– não o mais fácil e sim o melhor –
e eu sorrindo contemplarei teus passos prosseguindo.
Pare na fonte, beba da água, respire o ar puro,
escute o vento em sussurro,
observe as paisagens, olhe o céu e perceba-me a face nas nuvens.


Dou-te pensares,
dê-me sentido.
Dou-te razão,
dê-me emoção.

TÔ CANSADA!

Pensais vós que sempre tenho boas palavras? Sempre hei de fazer-vos desligar-vos do mundo, acarinhar vossa alma? Não! Esta alma aqui também precisa de carinho...

E quando se passam dias de calor infernal, pressões de todos os lados, e o coração ansiando levitar... Ah! Não sabeis quão sofrível se torna tudo, já que em meio a turbilhões se esvai a inspiração.

Pensais vós que sou sempre sorrisos e lindeza? Não! Às vezes torno-me uma fera raivosa pronta a devorar todos à minha frente. Seria até capaz de, com um simples desejar, ordenar destruição: destruam-se todos os de má-vontade, todos os de pífia sensibilidade e que jamais vejam a luz do sol ou da lua. Queimem todos eles! Joguem-nos em fornalhas ardentes!

Sim, sim... Há esse tipo de recheio por aqui! Surpreendei-vos? Ora, ora... Não é para vós, não é este tipo de manjar o que vos quero oferecer. Se ao menos me perdoardes por meu corpo cansado em busca de abraço e afago...

Ou seriam dois corpos cansados a se jogar sobre uma cama e adormecer até amanhecer?

Ei, alguém! Apague a luz. Quero dormir: sonhar sem acordar. Estou cansada...

AMOR E SONHO

Tem gente com medo de amar. Eu tenho medo de amar. Porque o amor não é só físico. É um compartilhar de vivências, sentimentos, pensamentos e atitudes. Quando não são leais, geram feridas. É preciso cuidar para que seja leal, honesto, verdadeiro, com devido carinho, atenção, cuidado.

Amor que se compadece ao olhar os olhos fundos, escuros, cansados; amor que mesmo com os olhos fundos, escuros, cansados convive.

Amor que valoriza o conteúdo, ainda que a forma também encante... Que tem cuidado por si mesmo para que esteja apto a cuidar do outro. Amor que vale a pena rir, e que está vivo para chorar quando as lágrimas chegarem - elas sempre chegam.

Amor que assume a realidade, cinza ou colorida, doce ou amarga e busca transformá-la na realidade de seus sonhos. Amor que sonha. Amor sonha. E acorda e realiza.

Se não realiza, não é sonho. E não é amor.

ADORNOS DE AMIZADE

Hoje desligarei as máquinas.
Vou abrir papéis, revistas,
caixas, retalhos e cores.
Reunirei flores,
juntá-las-ei com carinho,
esquecer-me-ei
de ausências e silêncios!

Não lembrarei de campainhas nem de recados gravados...
Ficarão os desconfortos
para a fria secretária.
Firmarei contrato com a noite,
somente hoje,
e lançarei sorte
entre lápis, rendas e adornos.

Listarei meus amigos,
anotarei seus domicílios
e combinarei envelopes
com seus respectivos conteúdos:
abraços, segredos,
histórias diversas,
sorrisos, lágrimas e medos,
brincadeiras e conversas.
Contar-lhes-ei da caixinha.

Escolherei entre os selos
os mais bonitos e raros;
buscarei na coleção
os que mais caros me são,
tal qual os destinatários
de cada peça de arte.

E como convém a amizade,
será tudo confeccionado
com esmero e exclusividade.

CAIXINHA DE AMORES

Lendo sobre o amor e o medo de amar, e discorrendo sobre as dores dos homens modernos, cogita-se ali que isso ocorre porque as pessoas têm medo de amar. Por motivos vários este medo existe. E ainda, expressa que aqueles que amam são mais felizes e amam porque se doam em tempo, ouvidos, carinhos, palavras... Só porque o outro lhes é, se não mais que, igualmente importante como a si mesmos.

E desviaram-me a atenção do texto minhas lembranças... Ah, essa caixinha ora revestida de rendas, ora de madeira rústica e ainda outras vezes cheia de poeira ou coberta de pura seda e linho fino. E desta vez, estava lá a caixinha, multi-colorida, irisada, reluzente como o sol que me banhava naquele instante. A caixinha sapeca, pululando para ser aberta, enquanto eu fechava o livreto sobre o medo de amar.

Tem gente boa nesse mundo! Gente que sabe amar e não tem medo de amar, não teme o amor! Gente que ama de coração e não somente de corpo e palavras. Gente transparente que sorri com a alma, abraça-nos com os olhos e da mesma forma diz: “Vem, ama-me também!”.

E assim desfilaram para mim seus sorrisos e olhares, corações e pulsares, cheiros e jeitos dos quais minha caixinha de lembrança fica repleta, guardada pra de novo trazer alegria ao coração.

E bate forte o coração apertado que anseia pelo vôo renovado! Que nem a águia depois de seus cerca de cinco meses de retiro para, com novo bico, novas unhas e penas, lançar-se no abismo de nuvens e ar, pairando leve e soberana sobre os vales, montanhas...

Este mesmo coraçao que, também, no momento certo, acordará, levantar-se-á e, destemidamente, amará.

Sábias as palavras do sábio: “Conjuro-vos, ...não acordeis o amor, até que ele queira.” (Ct 8:4)

OLHOS

“São os olhos a lâmpada do corpo. Se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo será luminoso; se, porém os teus olhos forem maus, todo o teu corpo estará em trevas”. (Mateus 6:22-23a).



Hoje rascunhava algo e os olhos me vieram à memória contundentemente. Comecei a me lembrar de alguns olhos.

Olhos acolhedores de adoção; olhos generosos de quem sabe amar e merece o amor no mesmo alto quilate; olhos sorridentes que têm alegria e sensibilidade transbordantes; olhos observadores calculistas que assumem suas emoções; olhos descolados que fazem a vida ficar mais leve e divertida; olhos alertas que, percebendo tudo, com um piscar ou mover dão direção a todos; olhos ansiosos que desejam realizar os sonhos dos amados, ainda que os seus pareçam cada vez mais distantes; olhos firmes que não pendem nem pra direita e nem pra esquerda,sem desviar de seus propósitos; olhos marejados que olham estes olhos e vêem em cada um pedaços de si.

EQUACIONAL

Pensou um ser afim.
Além, embora aquém.
Sabe, ouve, observa.
Aprenderá melhor existir?
Equações da vida. Vivas.

LONGE NÃO EXISTE

Moro num interior onde quase nada há para se fazer depois que as obrigações com trabalho, tarefas domésticas e compromissos comunitários terminam. Chegam o final do dia, o final da semana e pouco resta para distração e lazer.

Num lugar em que a temperatura é elevada, a ausência de nuvens e mais ainda de chuvas fazem com que água fria seja ânsia de alma! Quando não tenho essa iguaria à disposição, envolvo-me por livros, violão, papéis, tesoura, recortes, cola... E de amigos. Virtuais.

A maioria deles nem sabe que eu existo e, ainda assim, chamo-os amigos: leio-os e com eles me divirto, aprendo, rio ou choro, tomo lições de vida ora duras ora singelas, com eles compartilho amor, dor, sentimentos e emoções. Descobri que esses amigos tornam-se muitas vezes parceiros, mães e pais que me pegam no colo, outras mestres e ainda, mistérios, dúvidas, curiosidade e grande vontade de realidade. Sinto falta se não os "vejo" constantemente, dá vontade de saber como vão, onde estão e a quantas anda o pensar de cada um! (Como se isso fosse um direito meu! Quanta prentensão a minha...)

Deve ser por isso que meu coração sempre tem a sensação de que vai explodir a qualquer momento. Talvez por isso mesmo eu queira o longe, o lugar que não existe.

POETRIX - DUPLIX - TRIPLIX

Poetrix é poesia minimalista, composto de um terceto, que é uma estrofe formada por três versos, de estrutura livre, e com no máximo 30 sílabas no seu total. O título é obrigatório. O poetrix passa a ser poesia compartilhada se se desdobra em dois ou mais poetrix de autores que se alternam, dando origem aos duplix, triplix, multiplix.

Abaixo, um exemplo!

FERINAS...//LÍNGUAS QUE FEREM///ALMAS CHEIAS DE PODRIDÃO *

Palavras mal ditas//São navalhas afiadas/// línguas ferinas
são malditas palavras//Manchando biografias/// vomitam mentiras
aniquilando seres//Mudando histórias/// recebem divinas disciplinas.

* Denise Severgnini//Gilnei Nepomuceno///Ana K

INFERNO

"De boas intenções o inferno está cheio".

Eu pensava sempre que ao inferno levavam as boas intenções aqueles que muitas delas possuiam. Hoje sei que levam também ao inferno os que dessas boas intenções são alvo. Os bem-intencionados muitas vezes tornam a vida do outro um inferno! Eis então que não vão sozinhos pra lá. Ainda que momentaneamente.

EU VOU EXPLODIR

Querem saber? Não? Pois falarei assim mesmo! Vou falar porque quero! Assim como quis compartilhar algo que achei legal, bonito, com boas vibrações... Querem saber? Não? Vou falar assim mesmo: não me importo mais com o que pensam, pensaram, pensarão de mim, do que falo, do que escrevo, do que compartilho e de todos os quês que me envolvem, me realizam, me enraivecem, que me fazem perder as esperanças e também que me fazem sorrir, amar, que me trazem de volta a vida, ao respirar o ar verde, o céu azul, as nuvens brancas!

Quando quiser, vou fazer, repetir, voltar, avançar... Buscarei, eliminarei, gritarei, chorarei e darei gargalhadas. Enfim, tudo que eu quiser! Se gostarem, ótimo! Se não, “tô nem aí” – e não me desculparei! Afinal, este tudo estará sempre dentro dos limites da minha praia, sem invadir as dos demais.

E querem saber? Até com as broncas eu aprendo. E como! As que são justas, legítimas, sinceras, transparentes, verdadeiras... Podem vir quando for preciso! Estarei de coração aberto para elas, assim como para os beijos, abraços, afagos, ensinos!

Querem saber? Eu tenho vergonhas, tenho “sem-gracesas” e tenho também coração de cão: esqueço rápido também! Não sei se com a pureza da criança, talvez tanto não. E querem saber mais? Estou aqui, alma pulsante, sangue quente, vermelho, explodindo nas veias, molhando meus músculos que se alongam e retesam, mantendo a saúde física quando a mental se perde em momentos como este e aquele!

Estou aqui, assim como sou: estranha, mui franca, insegura, mas sem nenhuma armadura (será?)! Transbordando o sorrir pelo amor aos amigos, meus anjos, minhas borboletas! Aos que me ensinam, me amam, falam bem ou mal de mim para mim - e não pelas costas ou me usando como holofotes para si próprios!

Estou aqui, repleta de amor aos que sabem quem eu sou, e que sou às vezes uma estrela ao longe cujo brilho mal se nota, em outras vezes passo brilhando no céu como o maior dos cometas... Sem contar das vezes em que paro ali, iluminando o caminho ou o momento, feito lua ou sol, a depender do momento vivido. Estes que assim também são pra mim: sóis, luas, cometas, estrelas... Passam, ficam, permanecem, nunca desaparecem, pois em sinceridade e lealdade me inspiram de verdade!

Quer saber, caríssimo mineiro do Vale: você pode brigar, espernear, gritar, esbravejar e entendemos um ao outro cada qual com sua opinião e singularidade. Riquezas da humanidade que ainda me fazem acreditar que vale a pena sorrir, encontrar, abraçar, ser gente inteira com coragem de aço, vontade de ferro. Ainda que ele nos fira.

Não há tempo a perder com males pequenos ou grandes! Que grande seja o olhar, o coração, do tamanho dessa Serra! O sentir seja só de sentir-se bem: sentado à beira da estrada, ou no meio-fio da porta de casa. É tudo lugar de encontrar, com coração e coragem, pra valer todo tempo, do segundo a eternidade!

E meu coração está a ponto de explodir de vida porque ainda que venha uma noite sobre ele, logo o amanhecer chega, a alvorada traz pássaros cantando, sol raiando, céu se abrindo e lábios sorrindo... Pura beleza, complexa natureza.

O QUE É O AMOR?

As imagens falam muito. O que é visto é marcante... As cores envolvem, enfeitiçam. Sorrisos fortes, belezas perfeitas. Histórias de sonhos. Fantasias que iludem. No dia a dia a realidade mostra crueldade, egoísmo, incompreensão. A velocidade com que tudo acontece, a superabundância do mal sufoca o bem e tudo se torna comum, acomodado no interior do coração, na mente cauterizada... O recheio de uma vida perdida.

À distância será luz o que é visto? O sentimento não deve falar mais alto. Manterá a razão o equilíbrio? O medo de que o erro se repita faz com que os olhos marejem, o semblante descaia; as dúvidas voltam a rondar.

A existência do jardim perfeito é real, embora não seja visto. Azul, amarelo, vermelho para se misturar, se mesclar e formar infinitas outras cores. Fazer do cinza um arco-íris. Diz-se que a melhor solução é “amar e deixar ser amada! Básico!”.

O que é amar? O que é o amor?

“Passo a mostrar-lhes ainda um caminho sobremodo excelente. Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o bronze que soa, ou como o címbalo que retine. Ainda que eu tenha o dom de profetizar e conheça todos os mistérios e toda a ciência, ainda que eu tenha tamanha fé ao ponto de transportar montes, se não tiver amor, nada serei.E ainda que eu
distribua todos os meus bens entre os pobres, e ainda que entregue o meu próprio corpo para ser queimado, se não tiver amor, nada disso me aproveitará.

O amor é paciente, é benigno, o amor não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece, não se conduz inconvenientemente, não procura os seus interesses, não se exaspera, não se ressente do mal, não alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor jamais acaba...” *

Somente em parte se conhece... Será um dia tudo completo e perfeito?


* I Cor. 13:1-8 a